Festa da mulher sob o espectro de medo
Algumas mulheres assinalaram o sete de Abril, em Moçambique celebrado como Dia da Mulher Moçambicana, sob o espectro de medo, na sequência dos sucessivos e cada vez crescentes casos de raptos, violações, desaparecimentos forçados e até assassinatos que têm como alvo principal pessoas do gênero feminino.
Este panorama macabro persiste, não obstante os esforços desenvolvidos por diversas organizações de combate à Violência Baseada no Gênero (VBG).
De acordo com a Constituição da República, no Artigo 40, todo cidadão tem direito à vida e à integridade física e moral, sendo vedado ser sujeito a tortura ou tratamentos cruéis ou desumanos. No entanto, apesar de a lei-mãe moçambicana ser clara neste aspecto, prevalece no seio das mulheres a descrença na eficácia da implementação das suas directrizes.
“Vivemos a violência obstétrica nas unidades de saúde, denunciamos abusos e violações sexuais, mas os nossos agressores continuam impunes”, é o que se lê no relatório do Observatório das Mulheres, divulgado na passagem do Dia Internacional da Mulher (8 de Março).
Para fundamentar esse sentimento de impotência, na tarde do último sábado (5 de Abril), poucas horas antes da comemoração do Dia das Mulheres em Moçambique, foi encontrado o corpo de uma jovem, aparentemente de 21 anos, na zona da Costa do Sol, na cidade de Maputo. O corpo estava em avançado estado de decomposição, o que chocou a população.
Lúcia Belarmino, uma jovem de 25 anos, confessou, em entrevista ao jornal Redactor,que apesar de estar a comemorar o Dia da Mulher Moçambicana, sente medo ao pensar no que poderá acontecer com ela ao sair do local da comemoração.
“Estamos felizes, sim, a comemorar o nosso dia como mulheres moçambicanas, mas não sei o que vai acontecer comigo quando eu sair daqui, por causa da perseguição que há contra as mulheres neste país”, afirmou Lúcia Belarmino.
Ela, assim como tantas outras mulheres no país, clama por justiça e proteção. “Onde vamos viver?”, concluiu.
No primeiro trimestre de 2025, cerca de 20 mulheres, incluindo crianças, foram dadas como desaparecidas e mortas, de acordo com a compilação de casos compartilhados nas redes sociais logo após os acontecimentos.
TOMÂSIA JOB
Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 09 de Abril de 2025.
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