Fitch baixa rating de Moçambique para CCC e piora previsões económicas

A agência de notação financeira Fitch desceu o ‘rating’ de Moçambique para CCC e piorou as previsões macroeconómicas no seguimento dos protestos pós-eleitorais, antevendo agora um crescimento económico de 3,2% para este ano.“As perturbações causadas pelos protestos afectaram muito a actividade económica no último trimestre de 2024, através da destruição de propriedade, pilhagens, greves, e perturbações na cadeia de abastecimento e na confiança”, escreve a Fitch Ratings.

Além disso, acrescenta que “a elevada incerteza, uma política fiscal mais apertada e falta de liquidez em moeda externa vão afectar o crescimento de 2025, que deverá ser de 3,2%, abaixo dos 4% anteriormente previsto”.

Na nota que acompanha a descida da notação de Moçambique, de CCC+ para CCC, o último nível antes do Incumprimento Financeiro, a Fitch escreve que os protestos dos últimos meses, que fizeram centenas de mortos, “também deverão ter afectado as perspectivas de investimento a médio prazo noutros setores para além da energia”.

As perturbações sentidas em todo o país no último trimestre de 2024 fizeram também o défice orçamental aumentar para 6,5% do PIB, no ano passado, devendo melhorar para 4,4% este ano, mas ainda assim, a Fitch diz que “lidar com a grande despesa de salários da função pública, num contexto de agitação social, será um dos principais desafios do novo governo”.

No que diz respeito à evolução do rácio da dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB), um dos principais indicadores analisados pelos investidores, a Fitch diz que o ritmo de redução vai abrandar significativamente.

“Os défices mais elevados significam que esperamos agora que a dívida face ao PIB caia de forma muito mais lenta, de 93,8% do PIB em 2024, que compara com a média dos pares nos 68,2%, para 93,4% no final de 2026, o que compara com a previsão de 89,9% feita em Agosto”, concluem os analistas.

Para a descida do ‘rating’ de Moçambique para CCC, decidida a 7 de Fevereiro, a Fitch teve em conta todos esses factores, apontando constrangimentos financeiros, elevados riscos no serviço da dívida interna, alargamento do défice orçamental, elevada dívida pública e agitação política e social, para além de um abrandamento na actividade económica e incerteza nas reservas em moeda externa e na retoma dos projectos de gás natural.

LUSA & Redactor

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