Redes sociais vs PGR

A Procuradoria-Geral da República de Moçambique (PGR) anunciou hoje que abriu um processo para investigar a origem de documentos alegadamente falsos que circulam nas redes sociais sobre a auditoria ao caso das dívidas ocultas.

“A publicação e circulação de documentos daquela natureza com o objectivo de desvirtuar a verdade podem consubstanciar infrações de natureza criminal, estando em curso a investigação visando a identificação e responsabilização dos seus autores”, afirmou o porta-voz da PGR, Orlando Generoso.

Aquele responsável falava durante uma conferência de imprensa em Maputo, em que a instituição se distanciou dos documentos, cujo conteúdo menciona os nomes de dirigentes moçambicanos no caso das dívidas ocultas.

De acordo com o porta-voz da PGR, a investigação para apurar a origem destes documentos decorre em parceria com empresas internacionais ligadas às tecnologias de informação.

“A Procuradoria-Geral da República de Moçambique pretende, mais uma vez, distanciar-se destes supostos ofícios e relatórios que circulam nas redes sociais”, declarou Orlando Generoso.

“Toda a informação da auditoria realizada pela Kroll a pedido da PGR que não for comunicada ao público pela instituição [PGR] deve ser considerada irrelevante”, reiterou o porta-voz.

Orlando Generoso disse que a instituição “está ciente da expectativa que paira sobre a sociedade”, apelando à calma porque “em momento oportuno a informação será divulgada dentro dos termos de referência”.

“É um trabalho aturado e as equipas estão neste momento a trabalhar. A PGR e os auditores estão a trabalhar e esperemos pelo progresso”, afirmou.

A consultora Kroll foi escolhida em novembro de 2016 pela Procuradoria para averiguar a existência de infrações de natureza criminal, entre outras, no processo de constituição, financiamento e funcionamento das empresas Proindicus, Ematum – Empresa Moçambicana de Atum e MAM – Mozambique Asset Management.

Em causa está o destino de cerca de USD 2,2 mil milhões de dívidas contraídas entre 2013 e 2014 pelas três empresas estatais junto de bancos estrangeiros com garantias do Governo que não foram aprovadas no parlamento nem inscritas nas contas públicas.

Beatriz Buchili, PGR de Moçambique
Beatriz Buchili, PGR de Moçambique

O escândalo rebentou em Abril de 2016 e o Fundo Monetário Internacional (FMI) e um grupo de 14 doadores internacionais congelaram os apoios ao orçamento de Estado e exigiram uma auditoria como condição prévia para retomar os apoios.

Hoje o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, considerou estas dívidas de “uma traição” pela qual o Estado não deve pagar.

“Qualquer país faz dívida, é legítimo. Mas aquilo que está a acontecer em Moçambique é uma traição”, referiu o líder do maior partido da oposição numa declaração via telefone para jornalistas e simpatizantes da Renamo.

“As dívidas que foram contraídas por algumas empresas ligadas aos chefes da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique)” devem ser da responsabilidade dessas empresas.

“Não é preciso oficializar essa dívida como se fosse dívida externa. O povo de Moçambique está cansado”, referiu.

Redacção

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