“Refresco”, a quanto nos sai!

“Refresco” – Um total de 39 cidadãos malauianos, entre os quais dois bebés com menos de um ano, foram detidos esta semana por imigração ilegal na província de Inhambane, no Sul de Moçambique.

Descontando o percurso entre a fronteira entre Moçambique e o Malaui, e começando a contagem a partir da cidade de Tete, concluiu-se que o grupo percorreu, por defeito, mais de 1200 quilómetros em território moçambicano sem que alguém desse conta por eles!

Já fiz, por estrada, Maputo/Quelimane. Confesso que nunca fiz o itinerário Tete/Inhambane por terra, mas presumo existir por aí um bom par de postos de controlo da Polícia da República de Moçambique (PRM) e outras entidades, incluindo sanitárias, de migração e alfandegárias, mas curiosamente ninguém deu pelos malauianos ilegais.

Refira-se que o percurso entre as províncias de Tete até à entrada de Inhambane (Rio Save), é considerado “zona quente”, por nele, esporadicamente, ocorrerem acções armadas opondo as Forças de Defesa e Segurança e activistas armados da RENAMO. Mesmo assim, aparentemente ninguém se preocupa em conferir quem por aí circula e o que transporta.

E depois se finge que há algum espanto quando ocorrem ataques armados brutais aqui e acolá.

Essa história do “refresco” pode custar muito caro para todos. Aliás, já está a custar, porque os chamados insurgentes que andam a espalhar terror e brutalidade por Cabo Delgado não caíram do céu, e alertas de infiltrações de gente que volta e meia entra e/ou circula ilegalmente em Moçambique não faltaram, mas parece que a sede pelo “refresco” tem sido mais aguda!

Num país que se preze não vai circular um estrangeiro qualquer ilegalmente por mil e tal quilómetros sem que alguém o interpele.

O que gostaria de saber é se, perante mais esta evidência da porosidade dos postos de controlo instalados entre Tete e Lindela (onde foi barrado o grupo de ilegais), quem de direito continuará a apelar à vigilância das populações e deixar impunes os que são pagos para garantir a integridade territorial e que se entregam ao “refresco” em detrimento das suas funções que lhes foram confiadas.

É que o episódio envolvendo estes 22 homens, 15 mulheres e dois bebés malauianos não é o primeiro, e acredito que não será o último, caso não haja medidas exemplares para persuadir os que andam com sede muito apurada pelo “refresco”.

Importa referir que no dia 16 deste Julho, foram detidos em Tete 15 cidadãos etíopes, por imigração ilegal.

Na mesma província, em Março, a polícia moçambicana encontrou 64 pessoas mortas num contentor, na sua maioria etíopes, transportados num camião.

Escrevi isto, aqui e agora, porque creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará e permanecerá.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 31 de Julho de 2020, na rubrica semanal TIKU 15

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