Ruandês raptado em Maputo

Ruandês raptado – A Associação dos Ruandeses Refugiados em Moçambique (ARRM) entregou esta quinta-feira ao jornal Redactor uma denúncia segundo a qual um cidadão do Ruanda residente na cidade de Maputo foi raptado esta semana por “desconhecidos”.

Segundo a fonte, Cassien Ntamuhanga, jornalista de profissão, foi raptado na ilha de KaNhaca na tarde (16 horas) de domingo (23 de Maio de 2021), por oito homens que se terão apresentado como agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM).

“Dentre os raptores se fazia presente um cidadão ruandês, que se expressava na mesma língua local do visado, que estrategicamente e de forma covarde, sequestraram-no para fins desconhecidos”, diz a denúncia na posse do Redactor.

Consta que Cassien Ntamuhanga se refugiou em Moçambique fugido de alegadas perseguições das autoridades de Ruanda. Ele é antigo director da Amazing Grace Radio, entretanto fechada.

Cassien Ntamuhanga, um indivíduo da etnia tutsi, a mesma do actual incumbente, Paul Kagamé, foi sentenciado a 52 anos de prisão no seu país, acusado de conspiração para actividades terroristas. Em 2017 fugiu da prisão e atingiu Moçambique onde pediu exílio. Na ilha de Inhaca onde exercia actividades comerciais de venda de produtos de mercearia, como a maioria de ruandeses refugiados no país.

Há quem diga que Ntamuhanga é um opositor e este esteve contra as políticas da Frente Patriótica Ruandesa (FPR), que é acusada de exterminar opositores e membros do grupo étnico hutu.

Alguns dos que conhecem Cassien Ntamuhanga dizem que ele tem manifestado opiniões contrárias ao governo do presidente Kagamé, exprimindo, sempre que pode, as suas teses através de diversas publicações por si efectuadas através de plataformas na internet.
Diz-se ainda que Cassien Ntamuhanga faz parte de um grupo de três activistas, dois dos quais desaparecidos misteriosamente no Ruanda há mais de sete anos, juntamente com Niyomugabp Gerard e Kizito Mihigo, que teriam sido buscados e “silenciados” em operações justificadas (“queima de arquivos”) com acusações de conspiração contra o Governo.

Em alguns meios circula a informação de que o jornalista agora raptado foi condenado por conspiração para prática de actividades terroristas, através de fabrico de dispositivos explosivos improvisados, a serem colocados em locais públicos, o que nunca foi provado.
A ARRM afirma estar a prosseguir diligências, incluindo junto das mais altas individualidades do Governo moçambicano, visando obter mais informações sobre o desaparecido, porém, até agora sem sucesso, receando que o pior lhe tenha acontecido.

Tem sido recorrentes relatos de perseguições, mortes, sumiços de ruandeses supostamente hostis ao presidente Kagamé não apenas no Ruanda e Moçambique, como noutros quadrantes, incluindo na República da África do Sul. (Ruandês raptado)

Redactor

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