SABC – “Elefante podre”

Interferência na política editorial a favor do Presidente Jacob Zuma, falta de liderança, colapso de práticas de boa governação, censura, negócios menos claros, intimidação e expulsão de trabalhadores, incluindo jornalistas e administradores, é o ambiente prevalecente na Corporação de Radiodifusão da África do Sul (SABC).
Os relatos foram prestados à comissão parlamentar de inquérito que investiga a situação de caos na empresa pública sul-africana de radiodifusão.
Os resultados serão conhecidos no primeiro trimestre de 2017.
Com cinco canais de televisão, 19 estacões de rádio e cerca de quatro mil trabalhadores, a SABC atravessa momento de grande turbulência.
Quase todos os membros do Conselho de Administração demitiram-se e ficou apenas o Presidente.
Desde o ano passado, a Comissão de Arbitragem, Conciliação e Mediação recebeu 190 casos relacionados com perseguição, expulsão de trabalhadores, e de má gestão da empresa publica sul-africana de radiodifusão.
A protetora pública, Thuli Madonsela, investigou a empresa e recomendou medidas de correção, mas o Conselho de Administração ignorou tudo.
Em Maio, o Director da Área de Produção, Hlaudi Motsoeneng, anunciou banimento de imagens de violência relacionadas com protestos populares contra a falta de serviços básicos nas comunidades e instruiu jornalistas a evitarem fazer reportagens consideradas negativas sobre o Presidente Jacob Zuma.
Alguns jornalistas protestaram contra as orientações considerando que violam o código editorial da corporação.
Oito jornalistas foram suspensos e despedidos da SABC, mas ganharam a causa no tribunal.
Entretanto, Hlaudi Motsoeneng, acusado de ter forjado qualificações académicas de nível medio, continuou a ditar ordens.
O Presidente Interino do Grupo da SABC, um veterano jornalista, demitiu-se.
A Aliança Democrática, maior partido da oposição, levou Motsoeneng a tribunal por causa de qualificações académicas forjadas e o veredicto caiu a favor do queixoso partido, mas a SABC deu volta e promoveu Motsoeng ao cargo de Administrador de Assuntos Corporativos.
O ANC condenou e distanciou-se da polémica na estratégica empresa pública de radiodifusão.
Face ao agravamento da situação, o parlamento formou uma comissão de inquérito para investigar a situação na empresa.
Vários trabalhadores e gestores despedidos e no activo foram chamados a depor. A maior parte apontou falta de liderança e muita interferência na política editorial a favor do Presidente Jacob Zuma.
Um dia antes da interrupção da sessão, os jornalistas que tinham falado receberam mensagens anónimas de ameaça de morte.
Mas a Ministra das Comunicações negou qualquer interferência.Faith Muthambi reconhece que a empresa tem problemas e apenas aceita assumir responsabilidade colectiva pelo colapso de boa governação na corporação.
O inquérito termina no primeiro trimestre do próximo ano.

Thangani wa Tiyani

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