Salada de hipocrisia

Salada de hipocrisia – Não se recomenda a nenhum jornalista, porque este tipo de salada é altamente perigoso para a saúde e bem-estar de profissionais de comunicação social no exercício da profissão.

A crónica surge na sequência do Dia Internacional de Acesso à Informação assinalado nesta segunda-feira.

Na África do Sul, o acesso à informação é relativamente melhor em comparação com outros países da região da África Austral, apesar de prevalecer alguma desconfiança para com jornalistas estrangeiros. Mas jornalistas locais, particularmente da Corporação pública de Radiodifusão, a SABC, têm portas abertas, pelo menos a olho nu, se bem que regra geral, dirigentes políticos, religiosos ou económicos não têm confiança total com jornalistas.

Moçambique e Zimbabwe são considerados os mais fechados, cada um à sua maneira, onde profissionais de comunicação social procurando informação são ameaçados, perseguidos, espancados, silenciados, raptados ou feitos desaparecer.

Entretanto, no Dia Internacional de Acesso à Informação acompanhei desfile de dirigentes vestidos de hipocrisia e com lágrimas de crocodilo falando sobre acesso à informação.

Mas quase todos os indicadores regionais e internacionais apontam para a degradação crescente da liberdade de imprensa em Moçambique nos últimos anos, situação que contrasta com discursos proferidos nesta segunda-feira em vários cantos do país por aqueles que têm informação ou chaves de acesso a ela.

O Editor Executivo do Canal de Moçambique, Matias Guente, enfrenta processo judicial acusado de violação de segredo do Estado, mesmo sem ter arrombado portas do ministério da Defesa Nacional. Através do seu jornal, Matias Guente revelou a existência de contrato confidencial entre os ministérios da Defesa Nacional e do Interior com a empresa ENI, ora Total, sobre a segurança em Cabo Delgado.

Em pleno dia de transição do ano, 31 de Dezembro de 2019, Guente escapou a um rapto perto do edifício da Assembleia da República, na cidade de Maputo.

Cerca de nove meses depois, as instalações do seu jornal foram destruídas por incêndio com fortes indícios de fogo posto.

Em nome de solidariedade para com jornalistas do Canal de Moçambique, hipócritas derramaram lágrimas de crocodilo e apelos para a responsabilização dos autores do incêndio que destruiu um dos pilares da democracia num país cada vez menos tolerante para com a liberdade de imprensa e acesso a informação.

Como acreditar nos discursos no meio de tanta hipocrisia.

Infelizmente, nos Estados Unidos da América, Estado-Polícia do Mundo, o acesso à informação e liberdade de imprensa estão sitiados pelo inquilino da Casa Branca, cujo mandato tem sido marcado pela desacreditação de jornalistas e jornais.

Donald Trump popularizou o termo notícias falsas “fake news” sempre que jornais ou canais de televisão divulgam notícias contra a sua atitude na governação do pais mais poderoso do Mundo.

THANGANI WA TIYANI

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 30 de Setembro de 2020, na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE

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