Saudosistas do apartheid
Saudosistas : O excesso da liberdade torna-se libertinagem. As pessoas abusam e não respeitam as autoridades investidas para exercerem o poder. A democracia importada da Europa está sendo praticada abusivamente em África.
Na África do Sul, o Presidente Jacob Zuma é considerado o Chefe de Estado mais impopular do país desde a queda do regime minoritário branco do apartheid, mas o veterano político zulu mantém-se no poder usando argumentos da democracia made in Europa.
Os partidos da oposição tentaram por várias maneiras destituir Jacob Zuma, mas fracassaram, porque o chefe é protegido por estruturas do ANC montadas à sua maneira, mesmo com escândalos de governação e de corrupção que chovem quase todos os dias em catadupa.
O desespero de algumas forças vivas da sociedade reactivou saudosistas do apartheid. Eles aproveitaram a marcha nacional de repúdio ao crime violento contra farmeiros para exibirem a bandeira e cantarem o hino nacional do tempo do apartheid declarado crime contra a humanidade pelas Nações Unidas.
No entanto, a democracia constitucional da África do Sul não prevê punição aos que exibem símbolos de um regime criminoso. Dizem que é democracia. Desde a realização da marcha na chamada segunda-feira negra, de 30 de Outubro deste 2017, a comunicação social sul-africana tem promovido debates sobre o significado da exibição dos símbolos dos tempos do apartheid.
Os comentadores são díspares: uns condenam a atitude dos saudosistas do apartheid e outros dizem que a tolerância do Estado perante tamanha aberração mostra que a democracia está mesmo em marcha na África do Sul.
Porém, na Europa, exibir a bandeira e cantar o hino nacional do regime Nazi, de Adolfo Hitler, é crime.
No Zimbabwe, a esposa do idoso Presidente Robert Gabriel Mugabe faz e desfaz com a protecção do marido.
Esta semana, o Presidente de 93 anos de idade demitiu o seu primeiro vice-presidente, Emerson Mnangagwa, porque a primeira-dama, Grace Mugabe, acusa o veterano político e guerrilheiro de possuir ambições pelo poder.
Grace Mugabe quer ser Presidente do Zimbabwe e já tem apoio das ligas feminina e juvenil do partido no poder (ZANU-PF).
A partir do quarto e da cama que partilha com o idoso Presidente, Grace vai derrubando os veteranos da luta de libertação considerados obstáculos para ela chegar ao poder.
Mnangagwa escapou da morte recentemente por envenenamento cuja origem ainda é desconhecida, mas sucumbiu às ordens de Grace Mugabe para deixar o poder.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do Correio da manhã no dia 08 de Novembro de 2017, na rubrica semanal RANCOR DO POBRE