SERNIC em Macomia para investigar laços entre nativos e insurgentes

SERNIC – Uma equipa do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) encontra-se, desde 6 deste Junho, em Macomia, para investigar a suposta colaboração entre as famílias deslocadas que retornam às suas aldeias e os insurgentes radicais armados que actuam em Cabo Delgado desde o segundo semestre de 2017.

Todavia, alguns nativos receiam que esta démarche possa descambar em sevícias contra civis inocentes.

Aliás, já há relatos de que algumas famílias deslocadas que regressaram a Macomia voltaram a deixar as suas casas por medo de serem acusadas de colaborar com os insurgentes, de acordo com uma publicação que segue com minúcia os acontecimentos políticos, sociais e militares em Cabo Delgado.

A mais recente edição do boletim Cabo Ligado fala de uma relação inquinada entre os residentes de Macomia e Muidumbe e alguns elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas.

Diz aquele meio que os insurgentes continuam a intimidar as comunidades nos distritos de Macomia e Muidumbe, enquanto elementos das FDS chegam a causar fatalidades no seio dos residentes, dando como exemplo a morte de um professor de nome Arlindo Camisa, alegadamente liquidado no bairro Pamunda, em Mocímboa da Praia, a 9 de Junho.

Fonte do Cabo Ligado refere que Camisa foi alvejado mortalmente por um agente da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), da Polícia da República de Moçambique (PRM), na sequência de uma discussão em que outras duas pessoas também foram mortas.

Há, igualmente, desinteligências entre elementos da UIR e da milícia Naparama, composta quase integralmente por nativos e que colabora com a tropa governamental na perseguição e combate aos insurgentes presumivelmente de inspiração islâmica.

Consta que, no distrito de Ancuabe, as tensões entre a UIR e a milícia Naparama vieram à tona quando os membros da UIR se recusaram a cumprir o recolher obrigatório das 23h00, imposto pelos Naparama aos estabelecimentos comerciais, argumentando que não têm autoridade para impor ordens às forças de segurança.

Esta questão foi levantada numa reunião entre os Naparama, a UIR e as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, na aldeia de Salaue, a 12 de Junho, para avaliar a conduta da UIR na área.

Alegações de brutalidade da UIR contra civis inocentes também foram abordadas, e representantes da Polícia prometeram investigar todos os casos de infracção, de acordo com uma fonte local citada pelo Cabo Ligado.

Enquanto isso, a actividade violenta dos insurgentes continua em torno da bacia do rio Messalo.

Insurgentes armados apareceram perto de um pequeno lago perto de Miangalewa a 5 de Junho, disparando as suas armas e assustando alguns pescadores, e lhes roubando o pescado e outros pertences.

No mesmo dia, a cerca de 20 quilómetros a Sudeste, em Chitoio, distrito de Macomia, foram descobertas sepulturas com os corpos de três desaparecidos, entre os quais uma criança de sete anos.

Segundo a aludida publicação, as vítimas faziam parte de um grupo de residentes de Chitoio que desapareceu no início de Maio passado.

No seu habitual resumo semanal, o Cabo Ligado recorda um episódio caricato, em que os insurgentes montaram uma espécie de posto de controlo algures ao longo da costa de Macomia, perto da aldeia de Ilala, tendo abordado um mini-“bus”.

Segundo a publicação, na abordagem, os insurgentes perguntaram se estaria a bordo alguém ligado às Forças de Defesa e Segurança governamentais. Consta que na viatura seguiam dois militares, mas ninguém os denunciou e as suas armas estavam na posse do motorista, que as havia escondido. Isso aconteceu no dia 5, também.

O mini-“bus” acabou sendo autorizado a continuar e ninguém ficou ferido.

Entretanto, as forças de segurança reduziram as escoltas na estrada N380 entre a sede distrital de Macomia e Mucojo na semana passada, disse uma fonte ao Cabo Ligado.

A mesma fonte diz que insurgentes também foram avistados em torno da aldeia costeira de Pequeue, em Macomia, no dia 7 de Junho.

Uma fonte afirmou que um insurgente morreu de causas desconhecidas perto da aldeia naquele dia, e seus companheiros pediram emprestado um caixão e uma maca para carregar o corpo até a sepultura a uma mesquita local, que mais tarde devolveram.

Redactor

https://bit.ly/41XbJTI

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 19 de Junho de 2023.

Caso esteja interessado em passar a receber o PDF do Redactorfavor ligar para 21 305323 ou 21305326 ou 844101414 ou envie e-mail para correiodamanha@tvcabo.co.mz 

Também pode optar por pedir a edição do seu interesse através de uma mensagem via WhatsApp (84 3085360), enviando, primeiro, por mPesa, para esse mesmo número, 50 meticais ou pagando pelo paypal associado ao refinaldo@gmail.com.

Gratos pela preferência

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *