Sou Alérgico a Corrupção: Um desabafo irônico sobre a “Nova Era” em Moçambique
Nasci com uma alergia rara, que não aparece em exames médicos: alergia à corrupção. É só ouvir falar em “esquemas”, “subornos” ou “eleições fraudulentas” que começo a espirrar. Se for algo grave, a coceira ataca e, pronto, lá vou eu procurar antialérgicos de ética e justiça – produtos em extinção, diga-se de passagem.
E agora, cá estamos nós, um país cheio de sonhos interrompidos e promessas recicladas, com um “presidente eleito” que entrou na faixa presidencial por vias que até a matemática duvida. Dizem que venceu “democraticamente”. Pois é, na matemática moçambicana, 2 + 2 pode ser igual a 22, desde que a soma seja feita na mesa certa, com os “fiscais certos”.
Não sou matemático, mas sei contar histórias – e a história actual é digna de uma novela de ficção. Temos um presidente que é como aquele jogador de futebol que empurra o árbitro, marca o gol com a mão e ainda grita: “É campeão!” Só falta erguer a taça enquanto o estádio inteiro grita “fraude!”.
O mais engraçado é o discurso inaugural. Com voz firme, ele promete lutar contra a corrupção… Você já viu um ladrão prometer prender ladrões? Eu também não, mas em Moçambique tudo é possível. Aqui, até o vento tem medo de ser sincero.
A população, por sua vez, continua aplaudindo na base do costume, porque reclamar dá trabalho, e trabalho não paga as contas neste sistema. Mas eu sigo alérgico, espirrando verdades e tossindo indignação. Quem sabe, um dia, apareça um antídoto contra o vírus da corrupção. Por enquanto, vou usando meu humor como vacina – porque, em Moçambique, rir de certas tragédias é o único jeito de não enlouquecer.
E ao novo presidente? Desejo saúde… mas lembre-se: o povo pode até ser paciente, mas a paciência também tem prazo de validade.