Sururu no seio do MDM
Sururu, muvuca, bagunça, furdunço, ou seja lá qual for a palavra a usar para designar o ambiente, o certo é que a confusão e descontentamento são enormes no Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na região de Nacala-Porto, na província nortenha moçambicana de Nampula.
O “copo de água” transbordou depois da passagem pelo local do líder do partido, Daviz Mbepo Simango, a 18 de Dezembro de 2016, no âmbito do périplo que faz por alguns pontos de Moçambique, já com as eleições municipais de 2018 no horizonte.
A passagem de Daviz Simango por Nacala-Porto foi marcada por “mexidas” nas hierarquias partidárias, operação que, como não podia deixar de acontecer, atingiu algumas “pedras” sensíveis do partido que, consequentemente, reagiram, havendo, inclusivamente, ameaças de abandono do MDM para busca de “novos ares”.
Raulinho Pedro, antigo delegado distrital do “galo” na cidade portuária do Norte de Moçambique, é um dos “movimentados” por Simango e que fez desabafos ao Correio da manhã, com ameaças de abandonar o partido MDM.
Já o “novo número um” do partido do “galo” na segunda urbe mais importante da província nortenha de Nampula, César Bernardo considera “natural” a reacção de Raulinho Pedro, comentando que os que com ele (Pedro) alinham não passam de “um grupinho interessado em manchar o partido MDM”, mas que, garante, fracassarão.
A província de Nampula tem sido das “politicamente mais problemáticas” para o MDM, onde volta e meia sucedem controvérsias e dissidências partidárias.
Foi em 12 de Agosto de 2016 que, na cidade de Nampula, na sequência de desinteligências internas, com acusações de nepotismo e tribalismo à mistura, alguns membros do MDM abandonarama organização liderada por Daviz Simango e fundaram o Movimento Alternativo de Moçambique (MAMO).
O MAMO é gerido interinamente (até à realização do congresso constitutivo) por uma comissão instaladora chefiada pelo desmobilizado de guerra Estêvão Fátima.
Fátima é, igualmente, delegado provincial da Associação dos Desmobilizados de Guerra na província de Nampula.
O MDM é a terceira maior força política nacional em Moçambique e a úncia que, à semelhança do centralmente governamental à escala nacional Frelimo(49 municípios), dirige quatro edilidades – Beira, Nampula, Quelimane e Guruè.
A Renamo, que fracassou nos seus esforços para boicotar as eleições municipais de Novembro de 2013 e não tomou parte política nelas, não governa nenhum território municipal e, quando em 2014 se arriscou numa competição intercalar em Guruè, na província central da Zambézia, foi derrotada pelo relativamente novel MDM.
Pedro Filipe, nosso correspondente em Nacala-Porto