Tanque “Filipe Nyusi”!
Tanque – Os últimos dias têm sido férteis em eventos e até declarações, a todos os títulos pitorescos.
– Foi o “regresso” de Moçambique, não se sabe bem de onde.
– A vitória dos Mambas sobre os Xipolopolos, logo um feito logrado no reduto dos continuadores dos KK11, no que constituiu uma bofetada na cara dos excessivamente cépticos que precocemente julgaram e condenaram na praça pública Abel Xavier (de certeza por este ser prata da casa, porque nunca tal se assistiu quando se tratasse da chegada de um novo “mister” estrangeiro).
– Foi o anúncio da “taluda” dos Mercedes topo de gama para pouco menos de duas dezenas dos 250 “representantes do povo” na “escolinha do barulho”, muito bem aproveitada politicamente por alguns deputados não constantes da lista dos beneficiários, que publicamente se “distanciaram” da coisa da qual nunca estiveram “próximos”. Como diria o outro: “é política, estúpido”. E os (por enquanto) três jovens deputados-galos lá, capitaneados por Venâncio Mondlane, vão ficando bonitos no boneco…
E para apimentar ainda mais o panorama, o nosso “primeiro” não deixou os seus créditos em mãos alheias. Pudera! Se até Nkomo, lá do Ministério vizinho dos ferrys, deu largas achincalhando, ao seu jeito, o “maravilhoso povo”, Do Rosário não podia deixar de lançar o seu apelo, a partir da terra que o viu nascer: “é preciso produzir mais para que toda gente tenha Mercedes”.
Efectivamente, só anda de my love quem nada produz, porque os produtivos membros da Comissão Permanente da Assembleia da República de Moçambique aí estão eles nas mais reluzentes máquinas geradas na antiga Alemanha Federal.
Ou os que andam aí reclamando nunca ouviram da máxima popular segundo a qual “não há pão (Mercedez) para maluco (preguiçoso)”?!
Pouco significado teria este desfile todo sem a participação da representação da “seiva da nação” no Conselho de Ministros de Moçambique, simbolizada, dentre outros dignitários, pelo valente e jovem vice-ministro do Trabalho, Emprego e Segurança Social, Osvaldo Pieterserburgo, que, em pleno Vunduzi, paredes-meias com o esconderijo do idoso e eterno guerrilheiro de Moçambique, lançou uma exortação para ali se construir “um tanque (piscícola) chamado Filipe Jacinto Nyusi”! Sinceramente!
Em meu modesto entender, há expedientes (e declarações) simplesmente evitáveis, sob o risco de depois termos de andar às rezas, suplicando pelo retorno à paz.
Refinaldo Chilengue
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã do dia 16 de Junho de 2017, na rubrica semanal intitulada TIKU 15