“Temos hoje restos do Estado”
Era uma vez, um país chamado Moçambique, que foi à feira do mundo globalizado. Com a sacola vazia e o bolso furado, decidiu comprar o “kit completo de democracia”, mas o vendedor, um tal de Globalização & Cia., entregou um pacote incompleto: faltavam a governança eficaz, o combate à corrupção e até a justiça social. Tudo que o país recebeu foi um manual de instruções em inglês, sem tradução para português ou línguas locais. Resultado? O kit ficou jogado no canto, juntando poeira.
Tomás Vieira Mário, esse jornacronista, cronista, que mistura sociólogo com poeta das verdades amargas, aparece na história e decreta: “Moçambique não é mais um Estado pleno, mas restos de Estado”. Imagine só! Um Estado que já foi um prato principal no banquete das aspirações revolucionárias agora virou quentinha, take away ou uma marmita rumo ao trabalho esquecida no micro-ondas das promessas não cumpridas.
Os “restos” do Estado moçambicano são como uma casa velha com telhado furado: a chuva entra (censura e repressão), o vento carrega os papéis (corrupção e impunidade), e, claro, os ratos aproveitam (elites políticas gananciosas). Enquanto isso, o cidadão comum tenta tapar o sol com a peneira — ou com posts no Facebook —, buscando algum sentido nessa bagunça.
Mas, calma lá! Antes que você pense que só há desgraça nessa comédia trágica, aqui vai o lado persuasivo da história. Moçambique ainda pode se reerguer. Não precisa de mágica, mas de vontade política, participação cívica e fiscalização activa. As redes sociais, tão criticadas por espalharem fake news, também são uma ferramenta poderosa para mobilizar e informar.
No fim das contas, os “restos” podem virar adubo para o futuro. O que é preciso é parar de empurrar os problemas para debaixo do tapete da conveniência e começar a construir, tijolo por tijolo, um estado que seja de verdade — para todos, e não só para alguns. Porque, afinal, ninguém quer viver só de restos, não é mesmo?