Testes falsos de covid-19
Testes falsos A proliferação de testes negativos falsos de coronavírus para efeitos de viagem ao estrangeiro fora profetizada logo depois do anúncio do relaxamento das medidas de prevenção de COVID-19 e reabertura de algumas fronteiras de acesso à África do Sul.
Porém, ninguém conhecia a real dimensão de testes falsos.
Nesta segunda-feira, fiquei a saber que em Ivory Park, bairro de Tembisa, situado entre as cidades de Joanesburgo e Pretória, vendem-se testes falsos negativos de coronavírus.
Moçambicanos, zimbabueanos e cidadãos de outros países que vivem na África do Sul conhecem o mercado de testes falsos.
Dizem que os testes são perfeitos e parecem verdadeiros.
Pessoas que compram viajam para Moçambique, Zimbabwe, Zâmbia, Lesotho, Malawi e outros países vizinhos sem capacidade para detectar testes falsos dos verdadeiros. O mesmo acontece no sentido inverso, ou seja, para África do Sul. Então, há muita gente que circula na região com testes falsos e eventualmente infectada e a infectar a outros.
Como sempre, em quase todos os casos de denúncia de ocorrência de falcatruas, autoridades aparecem na primeira linha defensiva desmentindo tudo e todos.
Em Moçambique, quando surgiram as primeiras notícias sobre a existência de sindicato de venda de testes falsos em Ressano Garcia, a Direcção Provincial de Saúde de Maputo correu para desmentir. Mas a imprensa não vacilou. Continuou a reportar até que o bom senso prevaleceu. Foram detidas algumas pessoas envolvidas no negócio, incluindo funcionário de um banco comercial representado na sede da localidade de Ressano Garcia.
Outro extremo de coronavírus na região e no continente africano envolve secretismo de dirigentes infectados.
A África do Sul é um dos poucos países africanos no qual alguns dirigentes anunciaram publicamente que estavam infectados.
Vários ministros disseram que estavam infectados.
Entretanto, em Moçambique, o chamado importador primário de coronavírus por sinal presidente do Município de Maputo, Eneias da Conceição Comiche, ficou internado numa unidade sanitária privada e, no entanto, evitou dizer que tinha coronavírus.
A sua esposa quebrou o segredo anunciando num canal de televisão que estava infectada e dando a entender que apanhara o vírus com o marido, então recém-regressado de uma viagem na Europa.
Até agora só me lembro de três figuras que anunciaram publicamente que estavam infectadas (ministro da Saúde, presidente da Federação de Futebol e presidente do Banco Nacional de Investimento).
O segredo dos dirigentes africanos em relação ao seu estado de infecção não ajuda desfazer mitos de estigma em relação à pandemia de COVID-19.
A população fica com a impressão de que COVID-19 é doença só para o povo da qual dirigentes são imunes.
Populações até questionam a veracidade da existência de coronavírus, o tal inimigo invisível que desorganizou o Mundo.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 28 de Outubro de 2020, na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE
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