“Tortura” em Beit Bridge

“Tortura” : Esih…eish…irmãos africanos. Só visto, porque contado não parece.
A fronteira de Mesina ou Beit Bridge entre a África do Sul e o Zimbabwe é uma verdadeira ‘tortura’ psicológica contra passageiros ou viajantes. Funciona 24 horas por dia, de um a trinta. Dizem que é a fronteira mais movimentada no continente africano e por ela passam pessoas, carros e mercadorias para sete países africanos.
É uma rota lucrativa. Companhias de transportes de pessoas e bens sul-africanas e zimbabueanas colocaram vários autocarros que fazem a ligação entre os dois países todos os dias, de e de noite. Todos andam cheios de passageiros e carga da África do Sul para o Zimbabwe, sendo que no sentido contrário os carros andam cheios de passageiros com menos carga. Entretanto, o denominador comum é a longa fila para a tramitação de documentos de viagem e de carga.
No mínimo o passageiro ou viajante fica duas horas e trinta minutos ou três horas em média nos dois lados na fila e depois segue-se a vistoria a pente fino nas máquinas scanners e a olho nu das mercadorias por oficiais aduaneiros num e noutro lado. Mas o dinheiro também funciona para facilitar.
A paragem única entre os dois países é necessária e urgente para aliviar o sofrimento dos viajantes.
Na sua última visita de trabalho à África do Sul como chefe de Estado zimbabueano, o idoso presidente Robert Gabriel Mugabe falou do assunto com o seu homólogo sul-africano, mas duvido que os dois tivessem profundo conhecimento do sofrimento por que passam milhares de pessoas que fazem a ligação entre os países por aquela fronteira.
É horrível e muito vergonhoso o que se passa em Beit Bridge em pleno século XXI. Um colega de viagem comentava que os líderes da região usam as cimeiras da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), para tomarem chá ao invés de resolver os graves problemas socioeconómicos que a região enfrenta.
O comércio entre a África do Sul e o Zimbabwe é muito intenso e seria muito mais célere se as barreiras de movimento de pessoas e bens fossem removidas colocando a paragem única na fronteira entre os dois países.
No entanto, Zuma e Mugabe ficaram a tomar chá em Pretória durante a recente reunião da comissão bi-nacional e não estabeleceram prazos para colocar a paragem única visando aliviar as pessoas da ‘tortura’ psicológica na fronteira entre a República da África do Sul e o Zimbabwe em Beit Bridge.

THANGANI WA TIYANI

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição do dia 06 de Dezembro de 2017, na versão PDF do jornal Correio da manhã na rubrica semanal RANCOR DO POBRE

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