Triangulo EUA/Alemanha e resto da Europa

A falta de confiança na capacidade de acção de um governo alastra-se como fogo nas populações da Alemanha e da União Europeia.

Segundo uma investigação publicada em 15 de Agosto de 2023 pelo instituto “Pesquisa Forsa”, encomendada pela Associação dos Funcionários Públicos Alemães (DBB), apenas 27% dos entrevistados acham que o Estado é capaz de cumprir as suas atribuições. 69% consideram-no sobrecarregado.

A população encontra-se cada vez mais dividida por falta de confiança na liderança do governo.

O presidente da DBB, Ulrich Silberbach, atesta que “os servidores públicos é que têm de suportar a raiva do público, e mais de 54% deles foram abusados ​​verbalmente, ameaçados ou agredidos fisicamente” (HNA 16.08).

A imagem do Estado é particularmente má no Leste da Alemanha, onde 77% dos entrevistados estão convencidos de que o Estado se encontra estressado em relação às suas tarefas e problemas existentes – no Oeste são 68% dos inquiridos.

Quem se manifesta mais benevolente no reconhecimento da capacidade do estado para cumprir as suas tarefas são os apoiantes dos partidos da coligação governamental: 52% dos apoiantes dos Verdes, 46% dos do SPD, 34% dos do FDP; já na oposição a aprovação desce para 22% dos apoiantes da CDU e CSU e para 6% dos apoiantes da AfD. Em sondagens regulares, a AfD já consegue maiores valores que o SPD e que os Verdes…

Tudo isto tem a ver com uma política europeia de sol poente, carente de sentido e de significado próprio. No meu entender, os sofrimentos do povo europeu expressam não só a crise sistémica (geopolítica) em que nos encontramos, mas corresponde também às dores de um parto fracassado.

Em parte, as ondas estadunidenses movem a Alemanha e as alemãs movem a Europa. A Alemanha sabe-se de mãos atadas aos aliados vencedores (especialmente aos Estados Unidos devido ao Tratado Dois-Mais-Quatro, celebrado em Moscovo em 12 de setembro de 1990 (1) e por isso sente-se também inconscientemente mal e cria, além disso, um certo mal-estar na Europa devido à sua política de refugiados (iniciada unilateralidade em 2015!) …

ANTÓNIO JUSTO

Este artigo foi intitulado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 22 de Agosto de 2023, na rubrica de opinião denominado OPINIÃO.

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