Trunfos do MPLA

Foi uma iniciativa meticulosamente preparada e que só veio a sublinhar a excelente capacidade organizacional e de marketing político do partido que governa Angola desde 11 de Novembro de 1975 (MPLA), quando o país se tornou independente de Portugal.

Camama, zona de expansão de Luanda, a capital do país,  justamente por detrás do Centro de Produção da Televisão Pública de Angola (TPA) foi onde esteve montado o monumental palco  daquilo que na gíria eleitoral angolana se desinga por grande “acção de massas” do MPLA.

Para além do candiado deste partido, João Manuel Gonçalves Lourenço,  de 63 anos de idade, discursaram, nesta “acção de massas”, entre alguns dignitários do MPLA, o actual chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.

Depois de João Lourenço indicar os principais trunfos que disse acreditar que irão fundamentar a sua vitória e a do MPLA, o palco montado defronte da tribuna principal em Camama foi entregue  a alguns cantores que “dão a cara” pelo partido governamental, para deixar os espectadores em delírio.

Matias Damásio foi quem “abriu as hostilidades musicais” sob olhar atento, intercalado de alguns aplausos de João Lourenço e dos restantes presentes no local, todos eles trajados ou portando algo com as cores preta e vermelha (da bandeira do partido  – MPLA -, e coincidentemente do país), mas também a amarela e branca.

“O MPLA  vai ganhar as eleições de 23 de Agosto com mais de 2/3 porque é o único partido concorrente que a maioria dos angolanos acredita que garante a  estabilidade, a democracia e desenvolvimento de Angola”, argumentou João Lourenço, sempre interrompido com apalusos pela impressionante multidão que enchia por completo o local, apesar das restrições apertadas de acesso ao local protagonizadas por alguns elemtnos do “protocolo” do partido governamental.

As restrições não eram apenas direccionadas aos interessados em assistir ao evento, mesmo que trajados a rigor com as cores do partido e empunhando material de propaganda eleitoral do MPLA, mas igualmente aos observadores e jornalistas nacionais e estrangeiros que não portavam um “crachat” especial emitido expressamente para o efeito pelos serviços de imprensa do partido governamental angolano.

João Lourenço comentou que se enganam os que vacticinam a sua derrota nestas eleições, alegadamente porque era um “desconhecido” até há uns seis meses.

“Essas projecções fracassarão porque se baseiam em pressupostos europeus e aqui é Angola”, sublinhou o candidato à presidência da República de Angola indicado pelo MPLA.

Matias Damásio actuando no comício do MPLA
Matias Damásio actuando no comício do MPLA

“A vitória do MPLA  será uma vitória sobre os defensores do racismo”, prosseguiu João Manuel Gonçalves Lourenço, num  evento muito concorrido, mas breve.

Com esta atitude os “cérebros” do MPLA  permitiram que aqueles militantes que responderam à chamada na “acção de massas” do MPLA em Camama  este sábado e, querendo, pudessesem, sem transtornos, ir ao “Estádio Nacional 11 de Novembro” ver o jogo entre os “Palanas Negras” (selecção angolana de futebol) e a sua congénere de Madagascar (os “Escorpiões”), ganho pelos anfitriões por 1-0 e que assim transitaaram para a fase final do CHAN 2018, que o Quénia vai acolher.

UNITA também confiante na vitória

O segundo maior partido político de Angola manifesta, igualmente, convicção em vencer as  eleições de quarta-feira, apesar de, nitidamente, em termos de visibilidade de material de propaganda eleitoral nas ruas estar muito longe da do MPLA.

Nos seus discuros nesta campanha eleitoral, Isaías Henrique Ngola Samakuva (71 anos  de idade) sublinha a nacessidade da “reconciliacao nacional”, aposta na valorização do capital humano e promete uma reforma agrária “para lutar contra a fome e a pobreza” em Angola, caso ganhe as eleições do próximo dia 23 de Agosto.

“Vamos criar condições para um ensino de qualidade para que os jovems sejam competentes na disputa no mercado de emprego no país e na África Austral”, declarou o líder do “Galo Negro”, que, entretanto, volta e meia expressa cepticismo quanto a transparência e credibilidade do processo eleitoral em curso.

O homem que substituiu Jonas Malheiro Savimbi na liderança da UNITA promete fazer “uma grande viragem política” em Angola em caso de sucesso nestas eleições e insiste que “a UNITA não quer a guerra porque ela [a guerra] faz parte do passado”.

“Sinto que desta vez a mudança vai chegar”, reforçou Samakuva, durante o acto político de massas que orientou, sexta-feira, no Largo Saidy Mingas, na cidade de Huambo, historicamente marcante para a UNITA.

Para Samakuva, “as cores políticas não devem separar ou desfazer o bom convívio entre irmãos da mesma pátria”.

Este discurso parece encontrar eco junto dos angolanos. Não se registam nenhuns atritos mesmo quando caravas de diferentes partidos ou coligação em prrsença no terreno no âmbito da “caça ao voto” se cruzam nas ruas ou mesmo quando militantes de outras forças partidárias por vezes irrompem  com os seus símbolos em comboios de viaturas de uma organização rival.

CASA-CE aceitara resultados

O presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), criada basicamente por dissidentes da UNITA, Abel Epalanga Chivukuvuku vinca que aceitará os resultados que forem proclamados pelos órgãos eleitorais competentes.

“Quem opera as transformações é o povo, nas urnas, disse Abel Chivukuvuku (a fazer 59 anos no dia do aniversário da independência de Angola), perante militantes, simpatizantes e amigos da CASA-CE, esta sexta-feira na cidade de Caxito, província do Bengo.

Abel Chivukuvuku defendeu “disciplina” no dia da votação, de modo a levar o processo a resvalar para “mudança ordeira”.

“Cada cidadão deve fazer a sua escolha, uma vez que somos todos irmãos”, enfatizou Chivukuvuku, cuja coligação se posiciona em “segundo lugar” em termos de performance e visibilidade em termos de marketing político neste esforço eleitoral no qual participam cinco partidos políticos e uma coligação.

Para além do MPLA, UNITA  e CASA-CE e respectivos cabeças de listas, perfilam neste escrutínio o Partido de Renovação Social (PRS), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a Aliança Patriótica Nacional (APN).

Benedito Daniel e o cabeça de lista do PRS, Lucas Gonda (FNLA)  e Quintino Moreira (APN) são outros concorrentes neste pleito.

À luz da actual lei eleitoral angolana é automaticamente Presidente da República o cabeça de lista do partido ou coligação que obtiver maioria relativa nas eleições legislativas.

A UNITA  e a CASA-CE programaram as suas derradeiras grandes “acções de massas” nestas eleições para este domingo (20 de Agosto), no Cazanga, um histórico bairro periférico da capital de Angola e junto à sede da TPA no centro da cidade de Luanda, respectivamente.

Refinaldo Chilengue, em Angola

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