Tudo se treina!

Todos nós adquirimos hábitos comportamentais através da educação e do treino a que somos sujeitos. É um processo naturalmente condicionado pelo ambiente social em que nos integramos, pelas oportunidades e experiências vividas, pela paixão com que nos entregamos à busca da melhoria pretendida e, principalmente, pela presença e pela qualidade do apoio de quem nos mobiliza no sentido de adquirir a empatia e a resiliência necessárias para atingirmos determinados objetivos (João Rebelo, in: Tudo se treina)

A formação de um estado forte onde aos cidadãos se asseguram os direitos fundamentais e justiça social resulta da determinação dos povos na criação, divulgação, implementação e cumprimento das regras de convivência.

Qualquer direcção rumo ao desenvolvimento de um Estado pressupõe a criação das regras de convivência, sua divulgação pelos cidadãos e respectivo treinamento para a correcta interpretação e cumprimento.

Países como Suíça, Suécia, Bélgica, Finlândia, Noruega, Canadá, Paraguai, Botswana, Ruanda, Etiópia e Austrália, só para citar alguns exemplos, situam-se no topo do ranking de desenvolvimento humano x qualidade de vida. 

As posições resultam de forte investimento nas políticas sociais orientadas para o desenvolvimento e nível de resposta dos cidadãos através de boas práticas. 

Governos que não investem no treinamento dos seus cidadãos gastam elevados valores nos seus orçamentos para a administração da Justiça e gestão de instituições correccionais.

Um cidadão não treinado é, regra geral, revoltado com alguma coisa e tem a tendência de se vingar de tudo nos processos da vida. Não se importa com nenhuma regra instituída, não conhece os seus direitos nem deveres como cidadão.

A calada da noite, faz-se à via pública para roubar quilómetros de cabo eléctrico para posterior comercialização no sector informal, apoia consumidores no roubo de energia para consumo a custo zero e fornecimento de vizinhos. Não faz ideia dos prejuízos causados aos concidadãos que ficaram desprovidos de energia e ao provedor de energia que deverá repor a todo o custo a energia cortada.

Citei apenas alguns exemplos das práticas de cidadãos não treinados, com práticas impróprias para uma sociedade moderna.

A este tipo de cidadão acrescenta-se aquele que, mesmo com instrução, dada a conjuntura, e outros factores adversos, envereda pela má conduta, resultante de alguma angústia e /ou frustração nos seus objectivos. Torna-se rebelde e mais perigoso que o primeiro por deter conhecimento que o ajuda na planificação e execução do crime. Mas, no final de tudo, ambos são classificados como criminosos que devem responder na Justiça pelos crimes praticados.

E pergunto-ne:

Será que conseguimos mudar de paradigma?

A resposta é SIM. Nunca é tarde!

Perseguindo os criminosos a corporação gasta os recursos que não tem com toda a logística indispensável,

Uma vez capturado, o criminoso termina na cadeia, passa para outra instituição que faz o enquadramento imediato na sua logística com a manutenção de prisioneiros enquanto aguarda julgamento.

Os estabelecimentos penitenciários ficam superlotados uma vez que diariamente entram novos prisioneiros e são poucos os que saem.

O Ministério Público tem gastos acrescido com toda a demanda da acusação, os Tribunais têm os gastos com a preparação e realização de julgamento. Basta imaginar os custos para manter uma tenda por 45 dias ou mais…

A minha tese é de que podemos reduzir os custos acima mencionados introduzindo alguma alteração no nosso modus actuant a começar pela corporação que é o ponto de partida de tudo.

― Tipo, vamos privilegiar a prevenção do crime, que passa pela massificação da divulgação das regras de conduta,

― Tipos de crime e respectiva moldura penal em caso de condenação,

― Etapas para acusação e encargos associados,

― Prisão preventiva,

― O papel do advogado,

― A caução. O que é e em que fases se activada e quem solicita.

― Julgamentos sumários

― Custas judiciais.

Portanto, temos de treinar o cidadão para a mudança da atitude.

Levará o seu tempo, mas não podemos ficar indiferentes, temos de começar de algum sítio e nós próprios.

Partindo do princípio que quem organiza a minha casa sou eu, não devemos esperar nenhuma ajuda dos amigos embora eles saiam de casa bemarrumadaos. Olham tudo isto como normal para o tipo de sociedade que somos. Ninguém te puxa para o seu padrão de vida, cabe a ti tentar chegar lá.

Sonho com uma sociedade onde viver sem medo passa por:

― Remover as grades nas nossas residências, escritórios, escolas, hospitais e empresas,

― Reduzir os dispositivos de segurança nas nossas viaturas, nas nossas residências, nos recintos desportivos, nas ferrovias,

― Ir à cama com um simples boa noite, bom descanso, até amanhã  se DEUS quiser!

― Viajar com a certeza de regressar à casa e encontrar tudo em ordem

― Estacionar na via pública sem ter de aparecer alguém a dizer “Tio, vou guardar, posso lavar…, de esquina em esquina) ”,

― Gritar POLÍCIA para ameaçar o ladrão ou agressor, frustrando a intenção com a fuga,

― Falar ao telemóvel em qualquer lugar e a qualquer hora.

Temos de comecemos por algum sítio.

Que tal massificarmos os programas educativos para a comunidade….

Numa primeira fase, incluirmos na grelha de alguns órgãos públicos, designadamente RM e TVM, conteúdos da Política Social Moçambicana, com temas devidamente seleccionados para interesse público e de natureza educativa. Assegurar uma hora/período específico, de preferência quando todos os membros da família se encontrarem em casa e antes do início de um programa especial da grelha (telenovela ou telejornal).

Estender a iniciativa para alguns canais privados com audiência aceitável, devendo serem asseguradas as contrapartidas compensatórias do tempo de antena.

Incluir os melhores influenciadores de opinião (artistas, apresentadores, TV, analistas de debates de televisão e rádio).

NUNCA É TARDE!

Tudo se treina!

MESSIAS MAHUMANE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 12 de Setembro de 2023, na rubrica de opinião intitulada Nunca é tarde!

Caso esteja interessado em passar a receber o PDF do Redactorfavor ligar para 844101414 ou envie e-mail para correiodamanha@tvcabo.co.mz 

Também pode optar por pedir a edição do seu interesse através de uma mensagem via WhatsApp (84 3085360), enviando, primeiro, por mPesa, para esse mesmo número, 50 meticais ou pagando pelo paypal associado ao refinaldo@gmail.com

Gratos pela preferência

https://rb.gy/21ujt

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *