Um mês sem emissão de certidões de nascimento em Nampula

É inadmissível que um serviço tão essencial quanto a emissão de certidões de nascimento esteja paralisado há mais de um mês em Nampula. O cenário revela um descaso gritante por parte das autoridades responsáveis e escancara a precariedade da administração pública no país.  

Como é possível que um sistema de tamanha importância fique fora de operação por tanto tempo sem que medidas urgentes sejam tomadas? Enquanto os gestores cruzam os braços, os cidadãos enfrentam um verdadeiro calvário. 

São dias e mais dias de idas e vindas, filas intermináveis e esperanças frustradas, tudo em busca de um documento que é, muitas vezes, a porta de entrada para outros documentos.  

Quantas oportunidades foram perdidas nesse período? Quantas crianças deixaram de ser matriculadas na escola? Quantas pessoas foram impedidas de obter um emprego ou acessar outros serviços? A certidão de nascimento não é apenas um pedaço de papel; é o reconhecimento jurídico da existência de um indivíduo, e negar esse acesso é negar a dignidade humana.  

E enquanto isso, os funcionários desse setor continuam recebendo seus salários regularmente. Não há comunicação, explicações ou sequer um cronograma para a resolução do problema. A impressão que fica é que a vida das pessoas comuns, que dependem desse serviço, não importa para o Estado.  

Esse episódio em Nampula é um microcosmo de um problema maior: a indiferença e a incompetência que permeiam a gestão pública em Moçambique. 

A dependência de sistemas tecnológicos, sem a devida manutenção ou suporte, somada à apatia dos responsáveis, torna-se um barril de pólvora para a sociedade. Não há planejamento preventivo, não há gestão eficiente, e, acima de tudo, não há responsabilidade.  

Que país queremos construir com esse nível de negligência? Um Estado que falha em garantir o básico é um Estado que falha em existir. É preciso, urgentemente, responsabilizar os gestores, exigir soluções imediatas e repensar as práticas administrativas. 

O cidadão moçambicano não pode continuar sendo vítima de um sistema público que deveria servi-lo, mas que, ao contrário, constantemente o abandona.

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

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