Um mundial sob o signo de corrupção…
Quando em 2010 a FIFA anunciou o Qatar como sede do Mundial de 2022, os rumores de corrupção aumentaram de intensidade, por todos os motivos óbvios.
Um país sem qualquer referência a nível de futebol, com altíssimas temperaturas, culturalmente diferente, por que carga d’água, iria conceder-se um grande evento como este Mundial, a um país completamente “desconhecido” da bola? As coisas não caem do Céu à toa, muito menos a quem não fez nada para isso acontecer, claro, em termos de “jurisprudência desportiva”!
Para “fugir com o rabo à seringa”, a FIFA alega descentralização pelos continentes e países que nunca tiveram um mundial destes, essencialmente o Médio Oriente, mas todos sabemos que isso não é verdade. Muita celeuma se deu à volta disto, inclusive a compra de votos, para que o Qatar fosse beneficiado, com investigações e confissões dos próprios funcionários da comissão dos qataris, culminando com a detenção do então presidente da UEFA, Michel Platini, um dos melhores jogadores mundiais da sua geração.
O Qatar conseguiu votos suficientes para superar esta candidatura, em frente de países como os USA, South Korea e Austrália, este último, também tentou a sua sorte, de levar o Mundial, pela primeira vez para o seu continente. Debalde, o Qatar foi o vencedor!
O maior receio da FIFA era o calor insuportável nessa região do Golfo, mas o Qatar garantiu que era um “pormenor”, pois, conseguiu desviar a rotina destes mundiais, mudando do mês de Junho para Novembro, para colmatar esta, visto que as temperaturas em Junho e Julho são elevadíssimas, apesar de que, mesmo em Novembro/Dezembro, elas não sejam “amenas”!
Esta mudança de rotina, veio também a afectar a época desportiva dos países, assim como a Liga dos Campeões, Liga Europa e todas as outras provas internas nos quatro continentes, baralhando todo um sistema existente há longos anos. Tudo tem de parar para dar prioridade ao Mundial e não sabemos as consequências que advirão daí!
A FIFA e outras organizações, corroboraram nesta “maquiavélica mudança”, não se sabe bem a troco de quê, podemos adivinhar, com consequências imprevisíveis! O Qatar também garantiu usar tecnologia de ponta para atenuar ou manter o ambiente “cool”, tanto nos estádios como fora deles, i.é., as pessoas não vão sentir muito o calor intenso de Qatar por estes dias, porque tudo estará facilitado, e em analogia os qatris dizem que, será como se fosse a sair do quarto para entrar numa sala de estar, tamanha é a facilidade que eles criaram! A ver vamos.
O calor foi e será sempre o problema principal deste mundial, mas no passado também já se realizaram mundiais em países como o México e Brasil, onde as temperaturas não eram tão “meigas” como se pensa, e nem por isso as coisas correram mal!
Como se isto não bastasse, há relatos nada abonatórios, em relação aos direitos dos trabalhadores emigrantes e as péssimas condições de trabalho, com salários precoce, alguns milhares foram vítimas deste projecto de Qatar, por falta de condições de trabalho! O próprio Joseph Blatter que apoiou esta candidatura, mas mais tarde com todos os problemas que vieram à tona, mudou de ideias, e disse que foi um erro crasso atribuir a organização deste mundial ao Qatar.
O Qatar será geograficamente o país mais pequeno da história dos mundiais, onde a concentração dos jogos será bastante pequena, fazendo com que os adeptos possam assistir os 3 jogos ao dia, passando de um estádio para o outro!
Apesar dos pesares, vamos fazer figas que tudo corra bem e que o Mundial de Qatar seja um sucesso!
FAHED SACOOR
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 11 de Novembro de 2022, na rubrica de opinião.
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