Um sorriso técnico pode devastar o coração
Todas as manhãs deparo-me com gente que sorri demasiado, que bebe demasiado e que se droga na mesma proporção com a ilusão que, ao fazer aquilo, esquece os problemas. Aparentemente esquece sim, mas depois eles vêm em cheio.
O ano de 2000 foi de muita expectativa, ora o mundo iria acabar e tudo girava em torno disso. Quer dizer, cada um é regido pelas suas expectativas à medida que se conhece. Ainda no riso, o coração sofre.
Tenho acompanhado atentamente os pronunciamentos da nossa irmã Artimizia, de Gaza. Uns dizem que ela é corajosa, outros que está revoltada porque não foi eleita candidata a deputada da Assembleia da República pela bancada da Frelimo; uns ainda dizem que cansou de comer, pois com a Frelimo não se brinca e há até os que dizem que ela está iluminada para falar a verdade.
Seja qual for o determinismo dela, todos os moçambicanos estão cansados e muitos falam assim nas suas aldeias, nos seus círculos de convivência, etc.. A sorte da Artimizia de Gaza é que teve oportunidade de ampliar o seu espaço de grito. Usou as media para verbalizar o que sente e isso é normal e factível num estado de direito democrático.
O facto de ela dizer que Nyusi não honrou os moçambicanos e não merecia que o aeroporto tomasse o seu nome revela que ela está lúcida e quer que os moçambicanos sejam honrados e bem governados. Nenhum moçambicano está feliz nos últimos dez anos.
Muitos membros da Frelimo têm um sorriso técnico ainda que o coração sofra. São muitos dentro da Frelimo que sofrem calados como uma mulher que queria tanto casar, acabou casando com marginal e sofre no silêncio. Abusos verbal, económico, físico, psicológico, etc.. Assim faz o partidão abusando as pessoas de todas as vertentes sem dá-las o direito ao contraditório.
Ela (a mulher casada com bandido) sofre e não verbaliza o sofrimento justamente para não ser considerada fraca e não expor a família (o casamento dela). Isso chamamos de congelamento mental. Quando a mente congela, o corpo sofre.
Na Frelimo é a mesma coisa. Todos esses que vêm aqui falar bobagens do passado de senhores realizados não têm nada e vivem de favores, mas porque estão alienados, preferem ovacionar a Frelimo devido a uma vaga de agente cívico que teve, pensa que a Frelimo era a dona da vaga. Mas, enfim, um dia eles acordarão como acordou a nossa Artimizia de Gaza.
Se ela diz que ainda é da Frelimo é mentira dela, já não se revê com os princípios dessa agremiação. A verdade na Frelimo vale expulsão ou morte, ninguém tem de falar à toa. E a disciplina partidária? Ela fala em nome de quem?
Se fala em nome dela, está se arruinando, arruinar no sentido de não conseguir mais una confiança interna. Ainda bem que ela diz que não vive da Frelimo e nem depende dela. Portanto, quando a revolução inicia, todos têm ciência do facto e mesmo sendo criança sabe que há luta e precisa de se predispor.
Aos nossos irmãos bajuladores que aprendam que a vida não consiste apenas em acumular oportunidades e nem em ter muitos bens, mas na partilha comum do que o país produz. Se todos lutássemos por um país próspero, a este momento, o país teria os seus passos gigantes.
Ao Presidente Nyusi, tome vergonha ao ver uma escola, um aeroporto, um hospital, uma praça em seu nome e saiba que se um dia houver alternância política, esses nomes serão retirados. O melhor seria ele retirar sozinho antes de um vexame do tamanho de uma montanha.
Aos outros antigos presidentes, peçam perdão publicamente aos moçambicanos, pois também são partes causadores do sofrimento deste povo. O povo moçambicano merece muito mais.
Se você está sangrando internamente, saia do casulo e se junte aos que lutam por este país. Não perderá nada. A democracia é um chá com açúcar, ele (açúcar) traz gosto ao chá. Se não houver quem lute por este pedaço de terra, não haverá sabor democrático. Pois a luta pelo bem comum é sinónimo da democracia.
JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 05 de Julho de 2024.
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