Uniões prematuras: Top 10
Uniões prematuras – Moçambique ainda está no topo da lista de países com as maiores taxas de uniões prematuras, ocupando o 10º lugar no mundo e o 2º na África Subsaariana, depois do Malawi, apesar dos esforços que o Governo tem feito para o seu combate.
No país, cerca de 48 por cento das raparigas são forçadas a uma união prematura antes dos 18 anos e 14 por cento antes dos 15 anos.
Os dados foram partilhados esta semana em Maputo pelo director da Plan International, em Moçambique, uma organização não-governamental, Gerald Magashi, durante o seminário de avaliação de implementação da Lei de Prevenção e Combate às Uniões Prematuras com juízes e procuradores.
Segundo Magashi, figuram entre as causas das uniões prematuras e das gravidezes precoces as desigualdades nas relações de poder entre homens e mulheres, a secundarização do papel e do lugar da rapariga e da mulher, a cultura do silêncio, entre outras.
“Aliado às uniões prematuras estão as gravidezes precoces que tem aumentado a taxa de mortalidade materna no país, onde 11 mulheres perdem a vida, por dia, devido a complicações de gravidez e parto, sendo que 20 por cento desses óbitos acontecem em adolescentes e jovens”, disse.
Acrescentou que outro factor tem a ver com a desistência escolar que prejudica o futuro das raparigas e das comunidades.
Na ocasião, afirmou que o Governo tem redobrado esforços para combater o mal, entre elas, o reforço do quadro legal através da aprovação da Lei 19/2019 de prevenção e combate às uniões prematuras.
“A Plan International tem trabalhado na divulgação e aplicação desta Lei em coordenação com o Governo, sensibilizando as comunidades e resgatando as raparigas forçadas a unirem-se”, sublinhou.
Contudo, acrescentou Magashi, a experiência mostra que não basta apenas resgatar, pois assiste-se, logo a seguir, o desafio da reintegração social das raparigas, e o empoderamento económico das mesmas para que possam sustentar, a longo prazo, as suas vidas, evitando que fiquem cada vez mais vulneráveis, acabando por voltar à união prematura.
Por sua vez, o juiz moçambicano Hermenegildo Chambal defende a criação de um fundo de protecção para as raparigas resgatadas das uniões prematuras.
“Acreditamos que devia existir um fundo que garantisse e permitisse que quando formos a retirar uma rapariga de união prematura, uma vez que sabemos de que a pobreza é que muitas vezes está por detrás do problema tivéssemos um mecanismo que pudesse cuidar e assegurar o sustento da vítima”, salientou.
Redactor