Valentina: comentários
Os veteranos da luta de libertação nacional moçambicanos consideram que o homicídio de Valentina Guebuza, filha do antigo Presidente Armando Guebuza, deve interpelar os moçambicanos para a necessidade de promover o amor no lugar do ódio.
“Temos de nos questionar sobre o tipo de sociedade que pretendemos construir, porque a violência só destrói”, disse o secretário-geral da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLIN), aliada à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, Fernando Faustino.
Discursando durante hoje no velório de Valentina Guebuza, Fernando Faustino defendeu que a prevalência da violência deve impulsionar a sociedade moçambicana no sentido de agir rapidamente na promoção da harmonia social.
“Temos de moralizar a nossa sociedade, promovendo a paz, solidariedade e a harmonia”, acrescentou o secretário-geral da ACLIN, a que Valentina Guebuza também pertencia e já foi presidida por Armando Guebuza.
O velório de Valentina Guebuza decorreu este sábado na Igreja Presbiteriana de Chamanculo, subúrbios da capital moçambicana, onde casou há dois anos, e contou com a participação do actual chefe de Estado, Filipe Nyusi, do antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano, titulares dos órgãos de soberania, membros e simpatizantes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e membros do actual e dos anteriores governos moçambicanos.
A Polícia da República de Moçambique disse na quinta-feira que Valentina Guebuza, 36 anos, foi morta a tiros, alegadamente pelo marido, Zófimo Muiuane (43 anos), na residência do casal em Maputo, e deixa uma filha de um ano e seis meses (Valentina Muiuane).
Valentina da Luz Guebuza, 36 anos, era uma das mais destacadas empresárias do país.
Em Dezembro de 2013, a revista Forbes colocou-a entre as vinte jovens africanas mais poderosas de África, à frente da ‘holding’ familiar Focus 21 Management & Development, com interesses em vários sectores, como a banca, telecomunicações, pescas, transportes, mineração e imobiliário.
A empresária moçambicana casou-se a 26 de Julho de 2014 com o assalariado Zófimo Muiuane, chefe do departamento de marketing da operadora de telecomunicações mCcel, numa cerimónia religiosa na Igreja Presbiteriana de Chamanculo, nos arredores de Maputo, perante centenas de convidados.
Ministra do Género, Criança e Acção Social
A ministra do Género, Criança e Acção Social de Moçambique disse durante o velório que o assassínio de Valentina Guebuza expõe a vulnerabilidade das mulheres moçambicanas à violência doméstica.
“É um caso muito infeliz, que, infelizmente, nos diz muito da grande violência doméstica que existe nos nossos lares”, declarou Cidália Chaúque Oliveira.
A violência doméstica, prosseguiu Chaúque, exige o redobramento de esforços por parte de toda a sociedade contra esta prática, uma vez que se traduz em consequências graves.
“Toda a sociedade deve ser mobilizada, todas as nossas comunidades, homens e mulheres devem ser sensibilizados contra a violência”, acrescentou a ministra.
O que disse Filipe Nyusi
O Presidente da República, Filipe Nyusi, voltou a solidarizar-se com a família Guebuza pela perda de Valentina, baleada mortalmente na última quarta-feira. O Chefe do Estado apresentou condolências igualmente em nome de todos os moçambicanos.
“Senhor Presidente, em meu nome pessoal e em nome de milhares de moçambicanos representados, estamos aqui para transmitir a nossa solidariedade e dizer que aquele povo que conheceu e conhece está consigo e com a sua família neste momento difícil da partida prematura da jovem Valentina da Luz Guebuza”.
“ Estivemos em sua casa durante esses dois/três dias, espaço onde recebeu todos os moçambicanos representados de todas as camadas sociais, incluindo políticas, o que significa que granjeia, esta jovem, uma grande simpatia e admiração. Estamos com a família Guebuza, como estivemos desde o primeiro minuto que soubemos e continuaremos convosco neste momento e nesta dor que claramente é irreparável. Paz à sua alma”, expressou-se, Nyusi, no discurso proferido durante o velório da malograda, na Igreja Presbiteriana de Chamanculo.
Após o discurso, Filipe Nyusi deu um abraço de conforto aos pais de Valentina.
Os Guebuzas
A família Guebuza também teve direito à palavra na cerimónia fúnebre.
As primeiras palavras foram de que o assassinato bárbaro de Valentina desgraçou a família Guebuza.
A família também falou do seu percurso em vida e disse acreditar que a morte não é o fim da história de uma pessoa, pois crê nas escrituras sagradas que dizem haver vida para além da morte.
“Aqueles que amam a Deus não temem a morte e é assim que consolamo-nos uns aos outros”.
A família diz ainda que a malograda foi-lhes prematuramente retirada, mas isso não significa que tenham que perder fé em Deus e na vida eterna.
Família Muiuane “revoltada e envergonhada”
A família Muiuane diz estar “revoltada e envergonhada” pela forma violenta como a nora Valentina Guebuza morreu.
A mensagem de condolências foi lida por Armando Pedro Muiuane Júnior, irmão mais velho de Zófimo Muiuane, principal indiciado do assassinato de Valentina Guebuza.
Redacção