Vamos perder títulos mundiais

Vamos perder  – Há dias, tomámos conta que a Selecção de Moçambique de Salto à Corda corre o risco de ver invalidados os três campeonatos mundiais que conquistou em palcos que elevaram o nome do país para todo o globo terrestre devido a uma dívida de quatro mil dólares norte-americanos, correndo ainda o risco de, não pagando, ser afastada por tempo indeterminado deste tipo de provas!

A incredulidade foi tão em exponencial que me deixou de espírito combalido, fraco e derrotado, sem augurar nenhuma firmeza, nem resiliência tantas vezes propalada pelo mais alto timoneiro da nação!

Vivemos num país carente de valores morais, mas houve quem, em apetites disfarçados de defesa da soberania, foi à praça da agiotagem internacional buscar dois mil milhões de dólares norte-americanos.

Acho que é nessa malta que se devem ir pedir, a título de empréstimo, sem juros bonificados, os quatro mil dólares norte-americanos para que o nome do país fique limpo!!!

Não faz nenhum sentido alguém montar câmaras de vídeo-vigilância na via pública que custaram milhões de dólares norte-americanos e não estejam em uso! Ou estejam apenas para o “inglês ver”!

Não faz nenhum sentido alguém comprar barcos de pesca para a ATUM que custaram milhões de dólares norte-americanos e não exista esse peixe no prato dos moçambicanos!

Não faz nenhum sentido ficarmos mal na fotografia do concerto das nações civilizadas por causa de míseros quatro mil dólares norte-americanos que um certo ex-governador do Banco de Moçambique “torrava” por dia nas praias de Miami.

É complicado entender que centenas de famílias durmam debaixo de tendas por falta de um ritual de exorcização de almas depenadas, quando o juiz que exarou tal sentença abusava do cargo e, até os dentes da sua esposa, eram tratados numa clínica em Lisboa, com fundos públicos e não haja quatro mil dólares norte-americanos… para pagar essa dívida!

Fosse eu o mais alto magistrado da nação: tirava do meu salário o correspondente e pagava essa dívida, nem que fosse apenas pelo simples prazer de mostrar a minha exaltação, por todos os poros, da minha moçambicanidade. Fosse eu… mas o empregado é ele e os patrões que apertem os cintos!

Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: Vamos perder títulos mundiais por causa de uma “dívida irrisória”?

LUÍS NHACHOTE

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 01 de Março de 2018, na rubrica semanal DO LADO DA EVIDÊNCIA.

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