“Vietname” da Kroll
Kroll – Ao cabo de vários meses de resistência e relutância, o Governo moçambicano acabou cedendo à exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a realização de uma auditoria às chamadas “dívidas ocultas” mais tarde tornadas “públicas”, não obstante os protestos de muitos.
A empresa de consultoria de riscos Kroll foi a escolhida para auditar a EMATUM (Empresa Moçambicana de Atum), Proindicus e MAM (Moçambique Asset Management).
Esta colocou 90 dias como deadline para concluir o seu trabalho e, debalde, suscitou euforia e expectativa junto do público em Moçambique e no estrangeiro, principalmente entre as partes mais interessadas/envolvidas no dossier que levou o FMI e outros parceiros de cooperação da antiga colónia de Portugal na África Austral e Oriental a suspender a sua colaboração com o regime de Maputo.
Nos termos de referência, a divulgação dos resultados estava inicialmente marcada para finais de Fevereiro, mas foi adiada para Março e, mais tarde, para 28 de Abril.
A Kroll fracassou no cumprimento das suas primeiras duas promessas e agora indica para 12 de Maio como data definitiva para a apresentação do seu relatório, mas já há muita gente a “torcer o nariz”.
A Kroll, que entrou em Moçambique sob o patrocínio da Suécia no meio de elogios dado o seu historial, corre o risco de sair da terra dos Mondlane, Matsangaissa, Chissano, Dhlakama, Nyusi e Simango com a sua reputação severamente chamuscada por causa destes sucessivos adiamentos, quadro que se poderá agravar se, como se diz, não referenciar nomes e apelidos dos supostos implicados no imbróglio que endividou a chamada “Pérola do Índico” em aproximadamente 2,2 mil milhões de dólares norte-americanos.
Porque há muito tempo o “povo” fez o seu “julgamento” e produziu a sua “sentença”, é muitíssimo pouco provável que, com os resultados a apresentar daqui a uma semana, a Kroll saia de Moçambique com a sua reputação ilibada.
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão em PDF do jornal Correio da manhã, na sexta-feira (05 de Maio de 2017), na rubrica semanal TIKU 15, da responsabilidade de Refinaldo Chilengue