Resolver e não reprimir

Resolver e não reprimir – Muito recentemente foi reportada a ocorrência de tumultos numa secção da Estrada Nacional Número Um (EN1), no distrito de Inhassoro, Norte da província meridional moçambicana de Inhambane.

Ao que constou, os protagonistas dos motins são jovens descontentes e frustrados com algumas práticas e modalidades de recrutamento de pessoal para preencher vagas de emprego na SASOL.

Num esforço combinado entre as autoridades locais e a direcção da SASOL promoveu-se uma reunião com os jovens descontentes.

Porque nada é perfeito, esta reunião também teve os seus momentos excelentes e menos bons.

Se há que a louvar a postura da Administradora de Inhassoro, Dulce Canhemba, também há que censurar a postura pública do Comandante da Polícia da República de Moçambique em Inhassoro, José Sendela.

É que a Administradora admitiu a justeza das reivindicações dos jovens, enquanto que o Comandante da PRM foi pela via de ameaças: “Já não vamos admitir mais, nem esta admitimos”, assim foi citado ele.

É verdade que a tarefa da PRM é manter a Lei & Ordem e não distribuir chocolates, rebuçados ou buquês de flores, mas começar a tentativa de resolução de um imbróglio exibindo musculatura ou fazendo ameaças não parece ser de bom tom.

Há quem refere que a postura dos formadores dos nossos agentes da Lei & Ordem, marcadamente brutal, em muitos casos, se reflecte, depois, na postura da actuação

destes no dia-a-dia, uma vez terminada preparação.

Esta não é a primeira desinteligência e não será a última, à escala nacional. Já é momento de os nossos governantes compreender que em algum momento é preferível resolver e não reprimir, porque pode ser esta a fonte de futuras insurgências, desencadeadas e desenvolvidas maioritariamente por jovens (all shababes, noutros pontos deste Moçambique), mesmo que em alguns casos com dinamizadores externos.

Importa, aqui, referir que o radicalismo em Cabo Delgado comecou, de facto, em 2011, quando um grupo de religiosos ligados ao islão introduziu uma nova forma de pregar o Alcorão, recrutando jovens.
Depois de muitos e graves estragos (como os que já vimos e estamos a ver) vai se falar das hipóteses de “diálogo” com os amotinados, insurgentes, rebeldes ou bandidos armados, como já vimos e estamos a ver e ouvir, agora.

As queixas sobre a conduta dos gestores da SASOL em Moçambique não são novas e não são [apenas] dos descamisados de Inhassoro. Já foram expressas e ouvidas mesmo de “excelências” da “Terra da boa gente”, por isso, em nosso modesto entender, julgamos ser melhor resolver e não reprimir esta e outras reivindicações, por forma a evitar [mais] levantamentos violentos extremos e armados de jovens ou all shababes. Os ruandeses e a SADC não estarão para todas as encomendas. Resolver e não reprimir é mais sensato.

A MINTHIRU IVULA VULA KUTLHULA MARITO! Os actos valem mais que as palavras!  Digo/escrevo isto porque que ainda creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará e permanecerá, eternamente.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo intitulado “Cheira a maturidade no MDM”  foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 07 de Agosto de 2021, na rubrica de opinião denominado TIKU 15

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