Big Hand: combater probreza

Big Hand – Cerca de oito mil crianças em quatro aldeias moçambicanas beneficiam do trabalho da Big Hand, uma organização não-governamental (ONG) portuguesa que, segundo diz à Lusa o seu presidente, David Fernandes, “tem a ambição de quebrar o ciclo de pobreza”.

“Queremos quebrar o ciclo de pobreza em que estas crianças e as suas comunidades vivem, e procuramos fazê-lo através da construção de salas de aula, instalações sanitárias, furos de água, entre outras coisas”, afirma David Fernandes que, depois de um voluntariado em Moçambique e na Guiné-Bissau, fundou, juntamente com amigos e colegas, a Big Hand em 2010.

A ONG portuguesa presta o seu apoio nas aldeias de Messica, Matsinho, Chipaco e Montechimoio, na província de Manica, Centro de Moçambique, onde estabeleceu parcerias com agentes locais, ligados aos sectores da educação, saúde e administração, a quem procura motivar com ações de formação, incluindo a população local.

“Desenvolvemos um trabalho directo com as comunidades. Trabalhamos com jovens locais a quem damos formação. Alguns já são contratados e damos-lhes um projecto de vida”, explica.

Moçambique, um país afectado por conflitos internos, crise financeira, catástrofes naturais, actividades insurgentes e, agora, a pandemia de covid-19 é o campo de atuação da Big Hand desde 2011.

“É um país pobre, sempre no final da tabela dos índices de desenvolvimento humano elaborados pelas agências das Nações Unidas. Cria-se toda uma conjuntura que acentua a pobreza e as dificuldades de vida”, diz David Fernandes.

“Directamente apoiamos 600 crianças nas quatro aldeias, mas indirectamente são cerca de oito mil que beneficiam do nosso envolvimento, com responsáveis locais, da construção de infraestruturas, como novas escolas, assistência sanitária e furos de água”, adianta.

“As crianças apoiadas pela Big Hand vivem no limiar da pobreza. São órfãs ou em risco de orfandade, devido ao HIV/Sida, e se não tivéssemos intervindo na educação, com distribuição de roupa e prestação de cuidados de saúde iriam cair na pobreza, no trabalho infantil, casamentos precoces”, destaca.

Muitas das crianças que beneficiam do apoio da Big Hand nem sequer estavam registadas, e a ONG portuguesa assegura o seu registo e trabalha para que tenham agora um bilhete de identidade.

“Damos-lhes acesso à cidadania”, sintetiza.

O trabalho nas aldeias é realizado através de um programa de apoio, em que o fornecimento de material escolar e prestação de cuidados de saúde, é garantido por ‘padrinhos’ e ‘madrinhas’ à distância, que contribuem monetariamente para ajudar a financiar a actividade da ONG nas quatro aldeias.

“O apadrinhamento é a possibilidade que o doador tem de estabelecer uma ligação com uma criança e a sua família. O nosso sistema de apadrinhamento permite que os padrinhos e as comunidades locais estabeleçam uma rede de intercâmbio cultural através da troca de cartas e fotografias ou da visita dos padrinhos à comunidade”, lê-se na página da Big Hand na Internet.

“A ambição da Big Hand é garantir que as crianças possam crescer num ambiente saudável e seguro para que possam ser melhores seres humanos e a partir daí mudar o mundo. A nossa ambição é que todas as crianças possam ir à escola, tenham acesso à água potável, saneamento básico, a condições estruturais e seguras e ao mesmo tempo, a professores motivados e com condições de trabalho”, salienta.

As dificuldades que as quatro aldeias atravessam são minoradas pela acção da Big Hand e a aposta na construção de escolas, abertura de furos de água e equipamento de centros de saúde, em que inclui a distribuição de bicicletas-ambulância, contribuem para que “o ciclo de pobreza comece a ser quebrado”.

Lusa/Redactor

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