Tendências para o futuro

Tendências para o futuro – Num mundo marcado por cada vez mais incertezas, incluindo o impacto da actual pandemia da Covid-19, torna-se ainda mais pertinente que as questões de saúde mental estejam no topo da agenda, defende Marian Salzman, Vice-Presidente Sénior da multinacional Phillip Morris International (PMI).

Salzman, que é responsável pela comunicação global da empresa, falava no dia 8 de Dezembro, num seminário com jornalistas de várias partes do mundo, e que se destinava a analisar os desenvolvimentos de 2021, e avançar prognósticos sobre o que o mundo pode esperar em 2022.

Como comunicadora, Salzman é especializada em analisar as tendências sociais no mundo, baseando-se numa análise científica centrada sobre os principais factores que as influenciam.

Salzman disse que quando em Dezembro de 2020 analisou as tendências para 2021, “questionei-me se havia algum ano que tenha sido aguardado com mais expectativa do que 2021”.

O facto é que tendo 2020 sido um ano em que a vida no mundo foi dominada pelos esforços para combater a pandemia da Covid-19, a entrada para o novo ano era aguardada com muita expectativa, na esperança de que o cenário viesse a mudar significativamente.  

Salzman acrescentou ter notado, na altura, que a “resiliência e adaptação estariam na ordem do dia”, com o mundo continuando a viver na incerteza, e a lutar contra ameaças existenciais sobre o homem e o planeta, “e muitas vezes parecendo, dar dois passos para trás, para cada um para frente”. 

Salzman prevê 22 tendências para o novo ano, sublinhando que em numerologia, 22 é considerado um “número mestre’, “altamente poderoso, mas não necessariamente de sorte”.

Na sua análise, Salzman tira a conclusão de que num mundo complexo e cada vez mais interdependente, onde até um problema aparentemente pequeno ao nível local pode ser ampliado para se tornar numa dor de cabeça global, a única certeza que se mantém é a incerteza.

“Se pudéssemos indicar uma mudança neste último ano que se posiciona acima de todas as outras, é que 2021 nos fez questionar muitas das coisas que tomávamos como dados adquiridos. A imagem da América como o farol da democracia e da igualdade; o conceito de um dia de trabalho das 9 às 17 horas, com o intervalo apenas para a viagem de ida e volta do serviço; a vida debaixo do brilho das luzes das grandes cidades, estes são exemplos de algumas ‘verdades’ que já não parecem tão sólidas”, Disse Salzman.

O caos global em que o mundo vive, sugere Salzman, exige que as sociedades e o sector empresarial prestem cada vez mais atenção sobre a saúde mental dos seus membros.

“Não há muito tempo atrás, a saúde mental era um tópico de conversas ao ouvido e discutido à porta fechada (se de todo fosse discutido). Nenhuma figura importante ou que aspirasse a tal posição abordaria publicamente a questão, para não falar da possibilidade de revelar que a sua saúde mental não estava bem”, disse Salzman.

O futuro do trabalho e do trabalhador ficou igualmente afectado pela conjuntura

Sublinhou que à medida que o mundo se torna mais alerto perante estas chamadas doenças do desespero, “é tempo para a implementação de programas, instrumentos e tecnologias mais abrangentes, que ataquem esses problemas e promovam a boa saúde mental do indivíduo”.

 Salzman abordou também a questão do futuro do trabalho, tendo em conta os desenvolvimentos tecnológicos ligados à Inteligência Artificial. Questiona, nesse sentido, se os “robôs irão tirar postos de trabalho à classe média, como amplamente se prevê, ou então pelo contrário criar mais oportunidades de emprego?”

A sua resposta é de que seja qual for a tendência, “podemos ter a certeza de que o futuro do trabalho será fundamentalmente diferente. A Covid-19 já nos mostrou isso”.

Segundo ela, durante estes primeiros dois anos da pandemia, milhões de trabalhadores de escritório descobriram que eram tão produtivos e alegres em casa, e que já não poderiam continuar a justificar as longas viagens diárias para e do serviço.

Prevê, por isso, que as empresas irão lutar por oferecer aos seus trabalhadores “uma combinação de condições e benefícios, sendo que o trabalho remoto ou híbrido será parte integrante da nova flexibilidade corporativa”. 

O futuro da educação e da formação, na sua relação com a empregabilidade, é uma das questões abordadas neste seminário. Salzman questiona se as universidades, a produzir cada vez mais graduados em áreas ainda mais diversificadas, estarão a dar resposta às cada vez mais exigentes condições do mercado do trabalho. A questão não é a obtenção do mais alto nível grau de ensino, mas como é que esse nível de formação vai de encontro com as necessidades do mercado.

“Formação universitária alargada é importante para incursões mais profundas (ao mercado de trabalho)”, disse ela. “Mas quantas destas (formações) equipam os estudantes com conhecimentos de ponta que os permite imediatamente aplicar no local de trabalho?” questiona.

“Empresas sofisticadas não estão à espera”, disse ela. “Elas estão, de forma proactiva, a identificar as lacunas em termos de conhecimentos junto dos seus trabalhadores. Estão a organizar-se sobre como rapidamente actualizar os conhecimentos técnicos dos seus trabalhadores, e com alguma eficiência de custos a aplicar um misto de métodos de formação no local de trabalho”.

Salzman aborda igualmente o lugar dos Estados Unidos como potência mundial, e observa que as inúmeras oportunidades de desenvolvimento oferecidas naquele país para qualquer cidadão do mundo com a devida ambição, levaram a que cerca de 14 milhões de pessoas emigrassem para os Estados Unidos no período entre 2000 e 2010. Muitos outros juntaram-se às universidades e ao sector de tecnologia dos Estados Unidos, à busca do “sonho americano”.

“O que é que a Microsoft, Google, IBM, Adobe e Twitter têm em comum?” questiona Salzman, para depois responder: “todos os seus CEOs nasceram na Índia. O mundo não podia ter o suficiente de novelas americanas, a maioria delas transmitidas directamente a partir de cadeias de televisão americanas”.

Contudo, diz ela, as fragilidades que começaram a evidenciar-se nos anos 1990 ainda não diminuíram, numa altura em que o país continua a ressentir-se dos efeitos da crise financeira de 2008.

“As eleições gerais de 2016 revelaram um país devastado pela polarização política e cultural, e vulnerável face à desinformação. Com muitos americanos inclinados a acreditar em ‘factos alternativos’, milhões continuam a pensar que a Covid-19 é uma farsa, e um em cada cinco adultos diz que não irá vacinar. Milhões também acreditam que as eleições de 2020 não foram ganhas por Joe Biden, e que o ataque do dia 6 de Janeiro de 2021 contra o Capitólio foi uma acção pacífica”, disse Salzman.

Salzman observa, perante este cenário, que para um país cuja projecção mundial assenta no poder suave do mito e de sonhos, a imagem turbulenta dos últimos anos não é boa.

Salzman aborda ainda a vida nas cidades, face ao desejo cada vez crescente das pessoas viverem no meio do verde e em ambientes urbanos onde não precisam de se deslocar por mais do que 15 minutos para encontrarem tudo o que pretendem.

“Até finais de 2021, cerca de 56,2 porcento da população mundial vive em centros urbanos”, diz Salzman. “Contudo, à medida que a pandemia nos atingiu em 2020, esta população urbana apercebeu-se rapidamente que as cidades oferecem um ambiente particularmente acolhedor não apenas para os humanos, mas também para os patogénicos”.

Diz que nas cidades mais afectadas da América e da Europa, muitos residentes dos centros urbanos deixaram de ir à cidade para o seu trabalho. “Os que se sentiam capazes pelo menos pensaram em sair para lugares com aglomerados populacionais mais baixos e mais verdes”

“Num mercado com uma grande oferta de lugares para viver e trabalhar, iremos assistir a um movimento em que as cidades se aprimoram para este novo mundo, entrando em competição para atrair mais residentes e recursos”, diz Salzman.

Apesar de tudo, há esperança no futuro

Isso deverá incluir o desenvolvimento de mais espaços verdes nas cidades, acompanhado da oferta de ambientes residenciais não distantes dos locais de trabalho e do comércio.

Outras tendências que Marian Salzman prevê para o futuro incluem o localismo, no sentido de que pessoas que antes nunca tiveram a mínima dificuldade em abandonar os seus habituais locais de residência para irem passar férias ou trabalhar em lugares distantes, estiveram uma grande parte do tempo confinadas, considerando um alívio se pudessem apenas sair para fora da porta de casa.

A tecnologia continuará a ser mais dominante para as vidas das pessoas, quer do ponto de vista profissional quer para a educação e outras necessidades, dada a importância de ter que se continuar a superar as restrições impostas pela Covid-19.

Em forma de conclusão, Salzman diz que a humanidade aprendeu nos últimos dois anos que algumas coisas que eram tidas como um dado adquirido já não o são, apontando que muitos governos em quem muita gente confiava para encontrar solução face aos seus problemas, terão sido vistos a fracassar na sua resposta aos desafios da Covid-19.

“Muitos de nós não estamos a caminhar para 2022 com o mesmo sentido de alívio e entusiasmo com que entramos em 2021. Reconhecemos agora que o vírus não irá desaparecer tão já, especialmente numa altura em que cidadãos em alguns países não têm acesso efectivo a vacinas, enquanto cidadãos de outros optam por rejeitar estas mesmas vacinas, preferindo dar ouvidos a narrativas politizadas e de conspiração, no lugar da ciência”, diz Salzman (Tendências para o futuro)

PMI

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *