Morte desorganiza partidos
Morte desorganiza partidos – A morte tem a mesma idade do Homem na terra e ocorre todos os dias nas famílias. Quando uma família perde o seu chefe por morte ela fica desorganiza. A recuperação leva muito tempo e em alguns casos não se consegue voltar ao mesmo nível anterior.
Na África do Sul, a geração moralista dos fundadores do Congresso Nacional Africano (ANC) morreu toda e acabou.
A geração seguinte da qual faziam parte Nelson Mandela, Walter Sizulu, Govan Mbeki, Ahmed Kathrada e outros moralistas, morreu.
A família ANC tal como qualquer outra família ficou desorganizada.
A partir da década de 2000, a geração de viragem da família ANC da qual fazem parte Thabo Mbeki, filho de Govan Mbeki, Jacob Gedleyihlekisa Zuma e Matamela Cyril Ramaphosa assumiu o comando da família enlutada cada um à sua maneira.
Thabo Mvuyelwa Mbeki foi eleito Presidente do ANC em Dezembro de 1997 substituindo ao lendário e mítico líder Nelson Mandela que não queria concorrer para a sua própria sucessão.
Em Junho de 1999, Mbeki foi eleito Presidente da África do Sul através da bandeira do Congresso Nacional Africano.
Lidera o país desde 1999 até 2008 e a maior mancha da sua governação foi a recusa de distribuir medicamento para tratamento de HIV/SIDA aos infectados pela doença então considerada pandemia do século.
Mais de 300 mil pessoas morreram por falta de antirretrovirais.
Para Thabo Mbeki, formado em Administração de Negócios, pela Universitária britânica de Sucessex, os infectados morriam de falta de alimentação adequada para o reforço da sua imunidade.
A polémica aprofundou a desorganização da família ANC por causa da morte dos chefes moralistas do movimento político.
Emergiu Jacob Zuma, populista e sem educação escolar formal, assumindo o comando do ANC. Zuma mandou destituir Mbeki da chefia do Estado sul-africano, abrindo grandes fissuras no seio da família. Depois foi eleito Presidente da África do Sul, país mais infectado pelo HIV/SIDA em África e autorizou a distribuição de tratamento antirretroviral, recuperando milhares de vidas de infectados na iminência de morrer.
Entretanto, o líder populista manchou a sua governação pela corrupção generalizada tendo até violado a Constituição no processo da construção da sua residência particular em Nkandla por uso indevido de dinheiro do Estado.
Estabeleceu aliança empresarial com família Gupta de origem indiana que passou a controlar tudo e todos através de esquemas corruptos nas instituições públicas, capturando o Estado para servir interesses privados. A família ANC dividiu-se ainda mais.
Jacob Zuma foi destituído da chefia do Estado e subiu Ramaphosa.
A desorganização da família continua.
A orfandade do movimento político mais antigo de África afecta a família ANC.
Em Moçambique, um dos pais moralistas da Frelimo, Samora Moisés Machel, morreu em 1986, vítima de acidente de aviação.
A geração de moralistas da Frelimo está a desaparecer.
Esta semana recebi um vídeo de uma peça de reportagem do Congresso da Frelimo na qual o Presidente honorário da Frelimo, Joaquim Alberto Chissano, apela à paz, unidade e ao desenvolvimento. Orienta Filipe Jacinto Nyusi a levar Afonso Macacho Marceta Dhlakama, então líder da RENAMO, doente, a hospital e seus à escola sem descriminação.
As reacções nas redes sociais caíram em catadupa, com internautas a dizer que Nyusi não cumpriu as orientações de Chissano. A família Frelimo está desorientada e com grupos de interesses diversos. (Morte desorganiza partidos)
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi intitulado “Morte desorganiza partidos
”, foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 12 de Janeiro de 2022, na rubrica de opinião denominado O RANCOR DO POBRE
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