Membro da brigada detido em Mandlakazi

Membro da brigada Dercilio Nhantumbo foi detido na manhã de quarta-feira (7 de Junho) por dois agentes da polícia, que se faziam transportar num Toyota branco conduzido pelo próprio proprietário, Jonas Mathe, o director distrital do STAE de Mandlakazi.

A denúncia vem plasmada na mais recente edição do boletim informativo do Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique, que tem estado a fazer um acompanhamento minucioso do processo eleitoral em marcha no país.

De acordo com a fonte, o veículo usado nesta operação tem uma matrícula sul-africana. Dercilio Nhantumbo, que era operador de introdução de dados, foi levado para o comando distrital da polícia de Mandlakazi, supostamente para ser interrogado por ter registado um eleitor (ele próprio) duas vezes, diz o boletim, acrescentando que o homem permaneceu no comando distrital durante toda a manhã e tarde, e só foi libertado pouco depois das 16h00.

Foi mantido no comando porque o director do STAE condicionou o arquivamento do processo contra ele ao facto de Nhantumbo retirar a queixa que tinha feito contra Mathe, sobre o registo indevido de 227 pessoas.

Mas a queixa contra o director distrital do STAE não foi apresentada pelo brigadista, mas sim por um agente eleitoral da RENAMO.

Jonas Mathe apresentou uma queixa à polícia acusando o membro da brigada de organizar o duplo registo de um eleitor. Mas, como o Boletim “CIP Eleições” constatou, o que ele fez não foi um crime eleitoral, mas um procedimento normal para os membros da brigada.

Dercílio inscreveu-se em Madendere, onde trabalha, mas depois transferiu a sua inscrição para Mandlakazi, onde vive.

As fontes do boletim “CIP Eleições” dizem que o director do STAE sabia do processo e que lhe competia eliminar o primeiro registo para validar o segundo.

Mas, para efeitos de eventual vingança, Jonas Mathe queria usar este truque para encarcerar o jovem ou obrigá-lo a negociar a retirada do processo que a RENAMO tinha iniciado contra ele.

Com efeito, fontes do STAE distrital disseram ao nosso Boletim que a principal intenção do director distrital era, de facto, mandar prender Dercílio, mas esta intenção não foi apoiada pelo director provincial do STAE, que o aconselhou a retirar a queixa, uma vez que não havia provas suficientes de um crime eleitoral.

Inconformado com este conselho, Jonas Mathe decidiu, como forma de pressionar Dercilio, levar dois agentes da polícia do comando distrital no seu carro para irem deter o jovem, e levá-lo para o comando distrital de Mandlakazi, e não para o posto policial de Madendere, localizado a poucos metros do posto de registo onde Dercili estava a trabalhar.

A história começou no dia 29 de Maio, quando Dercilio Nhantumbo denunciou a adulteração do número de eleitores inscritos durante a noite. (Ver https://bit.ly/CIP-El-91)

O director distrital do STAE tinha ordenado a Dercilio que se deslocasse ao gabinete distrital do STAE na cidade de Mandlakazi para entregar o relatório semanal. Mas quando regressou ao seu posto no dia seguinte, descobriu que o computador que utilizava tinha mais 200 eleitores do que os que tinha registado.

Redactor

https://bit.ly/41XbJTI

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