Moçambique comenta golpe de Estado no Níger

Moçambique comenta golpe de Estado no Níger, num pronunciamento feito ao lado do seu homólogo do Quénia, William Ruto, que se encontra de visita ao país.

efectivamente, os Presidentes de Moçambique e do Quénia recusaram hoje, em Maputo, a deposição de governos “democraticamente eleitos” em golpes militares, como no Níger, mas garantiram que África pode resolver os seus problemas.

“O surgimento de governos não democraticamente eleitos a nível da África Ocidental não se pode permitir”, afirmou o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, numa conferência de imprensa conjunta, na Presidência da República, com o homólogo do Quénia, William Ruto, que está em visita de Estado a Moçambique.

O Presidente moçambicano recordou que o “mundo evoluiu”, está “numa fase em que os poderes são transferidos pacificamente através das eleições”, pelo que “um país não se pode dar ao luxo de atrasar o crescimento” através de uma acção “inconstitucional”.

Ainda assim, sublinhou que na conversa com o Presidente queniano, que antecedeu a conferência de imprensa, foi apontada a necessidade de África ter uma “única voz”, através da União Africana.

O Presidente do Quénia, William Ruto, transmitiu o apoio “político” às decisões e intervenções da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre a crise no Níger, afirmando a necessidade de “evitar e resistir” à “ditadura militar e à retirada inconstitucional” do poder dos governos em funções, reconhecendo Mohamed Bazoum como Presidente daquele país.

“África é um continente democrático”, sustentou, ao apontar igualmente a situação no Sudão, assumindo que o continente tem “credenciais suficientes” para gerir estes casos e defendendo que mudanças de governo só são possíveis “através de eleições democráticas”.

Para William Ruto, “todos os meios necessários devem ser usados” para travar qualquer ameaça pela força das armas ao processo democrático em África.

A junta militar no poder no Níger após o golpe de Estado de 26 de Julho anunciou a formação de um novo Governo de transição composto por 21 ministros, incluindo seis militares.

O líder do autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), o general Abdourahamane Tiani, assinou um decreto com a composição dos membros do novo Governo divulgado esta madrugada pela agência pública de notícias ANP.

O novo Governo é chefiado pelo economista e antigo ministro, Mahamane Lamine Zeine, nomeado na segunda-feira, que terá também a pasta da Economia e das Finanças.

O general Salifou Mody foi escolhido para o Ministério da Defesa e o general Mohamed Toumba para o do Interior, duas figuras importantes da junta.

O coronel major Amadou Abdramane, porta-voz do CNSP, será responsável pela pasta da Juventude e dos Desportos. Os outros ministérios ocupados pelos militares são a Saúde, os Transportes e a Água, Saneamento e Ambiente.

A nomeação do Governo provisório ocorre poucas horas antes de uma reunião importante dos líderes da CEDEAO, em Abuja, Nigéria, para analisar a situação no Níger, depois de ter expirado, no passado domingo, o ultimato dado pelo bloco regional aos líderes golpistas para restabelecerem a ordem constitucional, sob a ameaça de uma possível acção militar.

Redactor

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