Grupo Wagner terá perdido homens num acidente de aviação no Mali
Grupo Wagner terá perdido homens num acidente de aviação em Gao, no Norte do Mali, de acordo com relatos a que o jornal Redactor teve acesso esta segunda-feira.
Efectivamente o avião que se despenhou, no Sábado, durante uma aterragem em Gao, no Norte do Mali, pertence ao exército maliano e transportava soldados do grupo paramilitar russo Wagner, disseram, ontem, fontes militares e dos bombeiros locais.
O acidente está envolto em grande secretismo e não foram divulgados números oficiais nem de vítimas mortais ou de eventuais sobreviventes, sabendo-se, porém, que alguns dos passageiros ficaram feridos.
Mas o balanço humano e material é elevado, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) uma fonte aeroportuária e outra diplomática, sem dar mais pormenores sobre o número de vítimas, garantindo, todavia, que a grande maioria dos sobreviventes pertence ao grupo paramilitar de mercenário Wagner.
“O avião que se despenhou pertence ao exército maliano e posso confirmar que a aeronave estava numa missão em Gao com parceiros”, disse à AFP um responsável militar maliano.
“Hoje, os investigadores regressaram ao terreno. No Sábado à noite, os feridos de cor branca foram transportados por outro avião para um destino desconhecido”, assegurou uma fonte aeroportuária, embora outros tenham sido assistidos medicamente em Gao.
“Quando os sobreviventes chegaram anteontem (sábado) a Gao, eram quase exclusivamente soldados russos da Wagner”, assumiu uma fonte próxima do corpo de bombeiros, que solicitou anonimato.
As causas do acidente ainda são desconhecidas, mas um porta-voz do exército alemão, ainda presente em Gao no âmbito da missão das Nações Unidas no Mali (Minusma), afirmou que o avião deve ter ultrapassado a pista, de acordo com as informações de que dispunha ao início da tarde de Sábado.
O avião despenhado é, adiantou, um “modelo IL-76 de fabrico russo”. O aeroporto militar de Gao é utilizado pelo exército maliano, pelos seus parceiros russos e pela Minusma.
A junta no poder no Mali afastou a força anti-jihadista francesa em 2022 e a força da ONU em 2023, para se virar militar e politicamente para a Rússia.
Afirma ter recorrido aos serviços de “instrutores” no âmbito da cooperação bilateral com a Rússia e nega a presença do Wagner, embora a existência de mercenários do grupo de segurança russo seja geralmente aceite por outros actores que trabalham no Mali.
O acidente ocorreu num contexto de tensões crescentes entre os diferentes actores armados da região e o exército maliano.
Desde Agosto, as regiões de Timbuktu e Gao têm sido palco de uma série de ataques contra posições do exército e civis.
O exército e os grupos armados lutam pelo controlo do território, numa altura em que a Minusma se retira.
Redactor