Machel sugere pacto social
A activista social moçambicana Graça Machel defendeu hoje a adopção de um pacto social em Moçambique para o cumprimento dos objetivos da agenda 2030, considerando que as populações precisam de interiorizar os problemas do país.
“É preciso trazer todos os estratos sociais a pensarem juntos na realidade do nosso país”, declarou Graça Machel, à margem do último dia do 11.º encontro de Fundações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre desde terça-feira em Maputo.
Para a presidente do Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), além de políticas que valorizem a populações das zonas rurais, o cumprimento das metas estabelecidas na agenda 2030 passa pela identificação do número exacto das pessoas que precisam de ajuda para garantir a articulação de planos de assistência.
“Se realmente queremos atingir as metas definidas, precisamos de mudanças. É necessário um pacto social”, observou Graça Machel, acrescentando que a valorização e a rentabilização dos recursos só são possíveis com a adoção de um plano virado para as regiões onde as pessoas realmente precisam de ajuda.
A reorganização das instituições do Estado e da sociedade civil são apontadas pela activista e primeira ministra da Educação de Moçambique após a independência como indispensáveis no âmbito da expansão das estratégias para alcançar as metas definidas na agenda 2030.
“Não podemos vencer a pobreza sem que as pessoas que realmente sofrem com este mal interiorizem a necessidade de assumir esta agenda”, salientou a activista, observando que a criação de um sistema de monitorização e avaliação pode ajudar o país a perceber a evolução das estratégias para o cumprimento da agenda 2030.
Por sua vez, Márcia Freitas de Castro, coordenadora residente das Nações Unidas em Moçambique, assinalou “significativos progressos” de Moçambique no quadro das estratégias para o alcance das metas da agenda 2030, considerando, no entanto, que o país precisa de definir prioridades.
“O próximo passo é a socialização do que significa esta agenda”, observou Márcia Freitas de Castro, acrescentando que a disseminação de informação deve ser assumida como um compromisso de todos.
“Esta é uma agenda de oportunidades”, acrescentou a coordenadora residente das Nações Unidas em Moçambique.
Entre os 17 objectivos de desenvolvimento sustentável assumidos por Moçambique no âmbito da agenda 2030, além da erradicação da pobreza, que afeta cerca de metade da população, destaca-se a promoção de uma sociedade pacífica, um ponto ameaçado atualmente pela crise política que opõe Governo e o maior partido de oposição, e a eliminação das desigualdades de género.
REDACÇÃO