Mondlane e PODEMOS: as grandes vedetas

Independentemente dos números finais, a avaliar pelos primeiros resultados disponíveis até à madrugada desta quinta-feira recolhidos de diversas assembleias de voto, Venâncio Mondlane, dissidente da RENAMO e candidato às eleições presidenciais moçambicanas deste 2024, é a vedeta neste processo.

O mesmo está a suceder com o até há poucos meses “irrelevante” e extraparlamentar Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que está a somar votos em números impressionantes em diversos locais visitados pela Reportagem do jornal Redactor à escala nacional.

A Resistencia Nacional Moçambicana (RENAMO) é a maior derrotada neste pleito e, ao que tudo indica, passará a terceira maior força política de Moçambique e o seu líder, Ossufo Momade, perderá o estatuto de líder da oposição e terá três caminhos: resignar, ser forçado a abdicar ou testemunhar o partido “pai da democracia” a se jogar para a sarjeta política.

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e o seu líder, Lutero Simango, exercem o papel de fauna acompanhante, o que poderá precipitar a um rolar de cabeças no vértice da organização, caso os seus militantes levem o quesito política a sério.

Sem surpresas, Daniel Chapo, candidato pelo partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), está a liderar a contagem na maioria das assembleias de voto, tendo Venâncio Mondlane como principal perseguidor numa votação que à escala nacional teve uma participação substancial, apesar de alguns constrangimentos.

Por força da lei, a se confirmar a actual tendência dos resultados das eleições deste dia 09 de Outubro de 2024, nos próximos meses Ossufo Momade perderá as mordomias de que beneficia o líder do segundo partido com assentos parlamentares, a favor do novo.

“A cessação dos direitos implica a devolução ao Estado, de todos os bens móveis e imóveis recebidos, no prazo de 30 dias contados a partir da data da proclamação dos resultados eleitorais”, impõe a lei moçambicana.

O partido Nova Democracia, de Salomão Muchanga, que até finais de 2023 parecia uma organização política em ascensão, ficou simplesmente irreconhecível neste pleito e poderá calcorrear as ruas da amargura, ou fazer reajustes organizacionais relevantes nos próximos dias.

Alguma desorganização, desconfianças, tentativas de fraudes e alguns desafios logísticos foram constatados em diversos pontos visitados pelo jornal Redactor e igualmente referenciados por organizações de observadores nacionais e estrangeiros.

A Sala da Paz, uma coligação de organizações de observadores eleitorais, manifestou “alguma preocupação” com a “aparente falta de condições de contagem de votos” das eleições gerais que decorreram esta quarta-feira em Moçambique, devido à falta de luz.

“Das mesas visitadas pelos observadores da Sala da Paz, à hora de encerramento, a Sala da Paz constatou, com alguma preocupação, a aparente falta de condições para início da contagem, devido a insuficiência de luz na sala de votação”, refere aquela plataforma de observadores eleitorais, em comunicado.

Os 800 observadores daquela coligação de organizações da sociedade civil visitaram um total de 3.717 mesas em todo o país, tendo reportado “receios sobre as condições de iluminação em 1.239 [33,3%] das mesas de votação, devido à insuficiência de luz eléctrica”, avança-se na nota de imprensa.

Os observadores da Sala da Paz também registaram casos de membros de mesa de voto apanhados em flagrante com boletins de voto a mais, na tentativa de os introduzir na urna, na hora do encerramento, morosidade das filas de votação e chegada de eleitores interessados em votar a última hora, provocando enchentes e agitação.

“Na província de Sofala, cidade da Beira, concretamente na Escola Primária Completa da Cerâmica, os observadores constataram a proibição de alguns eleitores de votar, com a alegação de que os boletins de voto tinham acabado”, diz-se no comunicado.

A Sala da Paz refere ainda que os seus observadores fotografaram pastas escondidas por detrás das caixas de material de votação nas mesas 3, 4 e 6 na Escola Antigos Combatentes, no distrito de Dondo, província de Sofala.

Os observadores também verificaram a presença de eleitores com “intenção de controlar os votos”, em 798 (21,5%) das mesas visitadas.

“Sendo a presença de eleitores [nas assembleias de voto, depois da votação] proibida por lei, este dado, revela, de alguma forma, que uma parte significativa dos eleitores não confia no trabalho dos órgãos e agentes eleitorais, o que reforça a necessidade de aprimorar mecanismos de transparência na sua atuação, para o reforço da confiança pelos eleitores”, destaca a Sala da Paz.

A Sala da Paz refere que o encerramento da votação ocorreu sem incidentes significativos e o processo decorreu de acordo com as regras e regulamentos estabelecidos.

“A participação de jovens e mulheres foi notável, demonstrando o comprometimento dos eleitores com o exercício dos seus direitos democráticos”, realça.

Redactor

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 10 de Outubro de 2024.

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