Venâncio precisa de relaxar

Quando se vive numa economia como a nossa, marchar, tirar dias de descanso é luxo. Sempre que se fizer, deve ser de forma estratégica. Sob o risco de se perder a camada que de facto vai à rua, pois estarão preocupados em alimentar-se.

Moçambique é considerado um dos países mais pobres do Mundo, em diversas perspectivas, o nosso Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) deixa muito a desejar. Há quem possa argumentar que temos muitos recursos. É facto, mas isso não se difere de contar com o ovo que está dentro da galinha.

Embora o descontentamento seja generalizado, a grande massa que vai à rua são os informais, que são a base da nossa economia. Dias sem se fazer à rua para comercializar diversos produtos, significam dias a minguar e o risco de passar fome.

A convocação de uma reunião extraordinária da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), o destaque que a media internacional tem dado à Moçambique, demonstram que de facto a estratégia de Venâncio António Bila Mondlane de convocar manifestações e de paralisar a economia, tem estado a funcionar.

Mas, para quem quer que preste atenção, consegue perceber que a manifestação, começa a ser vencida pelo cansaço, como tem sido habitual. Este, tem sido o maior trunfo do regime no poder: o cansaço.

É altura de se mudar de estratégia. Está claro que o partido FRELIMO se acomodou, habitou-se a um público pacífico, de maneira que não está a demonstrar capacidade de lidar como a nova postura.

Tentativas de manipulação de opinião pública já não surtem o efeito desejado e nem o que já tiveram. Já não é suficiente chamar às pessoas de xiconhocas e esperar que isso surta efeito. Os canais públicos de rádio e de televisão moçambicanos para além da credibilidade, também perderam a audiência.

No entanto, ainda acho estranho para um partido com tantos quadros a seu lado não esteja a conseguir lidar com a situação. Em 2011, (se não estou em erro) Egídio Vaz, publicou um estudo que falava exactamente da nova esfera pública, que já previa que as redes sociais teriam a relevância que tem.

No entanto não tem estado a demonstrar na prática o que apresentou no estudo. Era suposto que já tivesse antevisto este cenário, principalmente, depois das manifestações de 18 de Março e depois a que se seguiu aquando do aumento das tarifas de internet.

É estranho que o seu conhecimento de história e de comunicação não lhe permitam olhar por cima do muro. Tem perdido mais tempo nas redes sociais a responder a supostos provocadores, do que a demonstrar que de facto tem conhecimento de causa.

Quanto ao Venâncio, me parece que seja estratégico, esperar pelo Conselho Constitucional.

A causa “Eleições e divulgação de resultados”, de per si, está a esgotar-se.  A energia dos manifestantes, começa a esvair-se.

Ao que tudo indica a Comissão Nacional de Eleições (CNE) já demonstrou que não tem provas dos resultados que apresentou.

Esperar me parece ser o mais lógico, permitir as pessoas que recuperem as energias, que os informais ganhem pão, para além de lógico, me parece justo.

A motivação virá da incapacidade da CNE de contra-argumentar. Sob risco de se perder o único trunfo que se tem estado a ter, a “atenção”.

STÉLVIO MARTINS

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Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 12 de Novembro de 2024.

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