Novo Parlamento toma posse entre boicotes da oposição e protestos

A Assembleia da República de Moçambique empossa hoje os deputados eleitos à X legislatura, mas dois dos partidos, Renamo e MDM, já anunciaram o boicote à cerimónia, contestando o processo eleitoral, dia em que estão convocados novos protestos no país.

“O partido Renamo entende que esta cerimónia está desprovida de qualquer valor solene e por isso constitui um ultraje social e desrespeito à vontade dos moçambicanos, pelo que não fará parte desta tomada de posse”, afirmou no domingo o porta-voz do até agora maior partido da oposição, Marcial Macome, à margem da reunião da comissão política nacional da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

Os 250 deputados eleitos à X Legislatura da Assembleia da República – 28 da Renamo, contra 60 actualmente – foram convocados para tomar posse esta segunda-feira, às 10:00 locais, na sede do parlamento, em Maputo, numa cerimónia solene a ser dirigida pelo Presidente da República cessante, Filipe Nyusi.

“É preciso respeitar a vontade do povo e a vontade do povo passa necessariamente pela realização de eleições livres, justas e transparentes, e não eleições administrativas”, acrescentou o porta-voz, recordando que a Renamo não reconhece os resultados anunciados pelo “acórdão administrativo” do Conselho Constitucional (CC), insistindo na repetição do processo eleitoral, marcado desde Outubro por tensões sociais, manifestações e paralisações que já provocaram quase 300 mortos e mais de 600 baleados.

Também os oito deputados eleitos pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM) – seis na legislatura que chega agora ao fim – não vão participar na tomada de posse, de acordo com uma comunicação oficial desta organização.

Da agenda da convocatória da sessão solene de hoje consta ainda a eleição do presidente da Assembleia da República para a nova legislatura, cargo actualmente ocupado por Esperança Bias.

O partido Frelimo, no poder e que mantém a maioria no parlamento candidatou a ex-ministra Margarida Talapa para aquele cargo. De acordo com informação do secretariado-geral da Assembleia da República, além da ex-ministra do Trabalho e Segurança Social – exonerada de funções na quinta-feira – foram ainda recebidas as candidaturas à segunda figura do Estado moçambicano de Carlos Tembe e Fernando Jone.

Ambos se estreiam como deputados, pelo Podemos, partido até agora extraparlamentar e que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, passando a ser o maior da oposição, com 43 deputados.

Contrariando o pedido de Venâncio Mondlane, a liderança do partido já disse anteriormente que os seus deputados irão tomar posse e já estao na “Casa Magna”.

Venâncio Mondlane apelou no sábado a três dias de paralisação em Moçambique a partir de hoje, e a “manifestações pacíficas” durante a posse dos deputados ao parlamento e do novo Presidente moçambicano, contestando o processo eleitoral.

“Chegou a hora de vocês demonstrarem a vossa própria iniciativa”, afirmou, aludindo às cerimónias de posse agendadas, incluindo do Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, na quarta-feira.

Redactor

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