Tobias recolhido por supostos agentes da UIR em Balama
Suposto elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), um ramo da Polícia da República de Moçambique (PRM) especializado no combate a motins, recolheu na manhã desta sexta-feira um civil apenas identificado por Tobias, no distrito de Balama, na província nortenha de Cabo Delgado.
Ao que o jornal Redactor apurou, Tobias é funcionário do Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia em Balama, e tem servido de elemento de ligação no diálogo entre a comunidade, liderança tradicional de Mualia e a empresa mineradora Twigg Exploration and Mining Limitada (TWIGG), que desde 2018 explora Grafite naquela região.
A alegada detenção do Tobias estará relacionada com um litígio envolvendo alguns nativos de Mualia, região amplamente abrangida pelo DUAT – Direito de Uso e Aproveitamento da Terra da TWIGG, que rejeitam receber os 120 mil meticais/hectares oferecidos pela mineradora, reclamando um milhão de meticais/hectare, como compensação pela tomada das suas terras.
Em algum momento a reivindicação atingiu momentos clamorosos, uma vez que parte dos nativos foi mesmo acampar no “site” da TWIGG, inviabilizando as actividades laborais da mineradora subsidiária integral da Syrah Resources Limitada.
Pressionada, em Dezembro de 2024, a TWIGG chegou a ameaçar abandonar a actividade na mina, accionando a cláusula contratual “força maior”. A desistência não se consumou porque as autoridades persuadiram os gestores da mineradora a ponderar sobre essa decisão.
Porque o líder comunitário tem dificuldades cavadas em interagir na língua portuguesa, pede, sempre que necessário, a ajuda do “filho da terra”, Tobias, para servir de intérprete.
Fontes do Redactor dizem que alguns quadros da Administração distrital de Balama terão convencido parte dos nativos a se conformarem com os 120 mil meticais/hectares. Os que anuíram a esta ideia chegaram mesmo a se apartar do grupo contestatário acampado no “site” produtivo da TWIGG.
Tobias terá sido detido por, alegadamente, se desdobrar em esforços visando recuperar os que aceitaram os 120 mil meticais/hectare para se juntarem num motim defronte das instalações da TWIGG programado para ocorrer na próxima segunda-feira, dia 05 deste Maio.
Os informantes do jornal Redactor contam que Tobias foi recolhido no seu local de trabalho para “parte incerta”, por homens armados, envergando uniformes da UIR e mascarados, que se faziam transportar em quatro viaturas todo-o-terreno, descaracterizadas.
A Twigg Exploration & Mining é uma empresa listada na Bolsa de Valores da Austrália.
STÉLVIO MARTINS
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