Bingala: acarinhado por Conde e destratado por Ferreira

Airone Alberto Bingala, com deficiência física nítida e que em Agosto próximo fará 35 anos de idade, tem vivido sinas díspares no seu relacionamento com o município de Chimoio, cidade onde nasceu, cresceu e vive.

Quis o destino que Bingala ficasse órfão ainda em tenra idade, crescendo sob cuidados dos tios.

Focado, concluiu o nível médio do ensino geral, na Escola Secundária Samora Moisés Machel, na cidade de Chimoio, capital provincial de Manica, Centro de Moçambique.

Distintamente de muitos que quando o destino lhes afecta fisicamente desistem de lutar pela vida independente, Bingala jamais atirou a toalha ao chão e continuou a perseguir os seus sonhos, mesmo sob cavadas dificuldades financeiras.

É assim que se inscreve na Universidade Pedagógica de Chimoio, atual Unipúnguè. Faz testes de admissão e é admitido para frequentar o curso de Gestão Empresarial.

Cedo emergiram dificuldades financeiras para suportar os encargos na faculdade, panorama que não foi bastante para travar os esforços de Bingala.

Bateu portas de caridosos, incluindo a do gabinete do então “homem forte” do Conselho Autárquico de Chimoio, Raúl Conde, que atendeu aos clamores do jovem, assegurando uma bolsa até à conclusão dos estudos de Bingala.

Raúl Conde não só patrocinou os estudos de Bingala, como também o ajudou a obter uma porção de espaço para erguer a sua habitação, no bairro Trangapasso, arredores da cidade de Chimoio.

O início da triste sina

Já com o canudo de licenciado em Gestão Empresarial conferido em punho, em 2019 Airone voltou à “casa” que o ajudou a concretizar o seu sonho, mas já lá estava outro senhor, João Ferreira (Redactor N° 7080, pág.3)

Em declarações ao Redactor, Airone Bingala diz que o objetivo que o levou às instalações do Conselho Autárquico de Chimoio era agradecer o apoio do Município por o ter apoiado nos momentos difíceis e se oferecer para um estágio profissional não remunerado.

Convicto que estava a lidar com “um pai”, tendo em conta o seu histórico com o anterior gestor e guiado pelo princípio de que o apoio era da Edilidade no seu todo e não de uma pessoa só – o Conde –, pretendia, igualmente, suplicar por uma nova cadeira, já que a que usa, ofertada pelo Instituto Nacional de Acção Social (INAS), apresenta deficiências mecânicas agudas.

“Espantosamente, o edil João Ferreira me destratou. Disse que não tinha espaço para estagiários, muito menos dinheiro para comprar carrinho de rodas para mim. Frustrado, abandonei o local. Era a inauguração de um novo ciclo de relacionamento com a edilidade de Chimoio”, lamentou Bingala.

Uma vez mais, Airone, se encheu de forças e buscou meios de subsistência para si, esposa e três filhos menores: reuniu parcos recursos e começou a actividade de agente de carteira móvel, uma das alternativas de muitos jovens para sobreviver honestamente.

Afinal o calvário de Bingala conheceria novas etapas: a edilidade moveu uma campanha de regularização de terrenos e o licenciado em Gestão Empresarial desempregado não conseguiu reunir os requisitos para obter o documento do site que ocupa, o famoso Documento de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT). De balde exibiu aos oficiais do município a “declaração” mandada emitir por Conde, quando lhe providenciou o espaço.

O nosso entrevistado conta que fracassaram todos os esforços que empreendeu para obter contemplação da edilidade na regularização da documentação do terreno.

“O senhor Ferreira foi duro comigo, mas lá na vitrina havia um papel colado que eu pessoalmente tinha lido que dava conta que pessoas com deficiência e/ou carenciadas tinham o direito de isenção e ou redução de taxa de DUAT”, alegou Bingala.

“Preferi vender a benfeitoria que ergui no terreno do bairro Trangapasso, para manter o meu negócio e agora vivo num cubículo arrendado pelo qual pago 500 meticais/mês, aqui no bairro Centro Hípico, onde o negócio de carteira móvel que desenvolvo na rua próximo à Escola Básica de Centro Hípico na cidade de Chimoio, é relativamente mais rentável”, detalha, com um olhar perfurante.

Mas, mesmo no actual local de residência Bingala diz que continua a se sentir discriminado.

Conta que durante uma recente deslocação de Gueta Selemane Chapo, a Primeira Dama do país, à Chimoio, quase todos os carenciados e pessoas com deficiencia foram alistadas para receberem alguns apoios e “estranhamente foi excluído pelo líder comunitário”.

“Sinto que há falta de humanismo por parte de alguns responsáveis deste país”, desabafou Airone Bingala.

Com o intuito de obter uma reação sobre estas graves alegações de Bingala à edilidade de Chimoio, o Redactor abordou o respectivo edil, Joao Ferreira, que foi curto e categórico: “não conheço o senhor Airone Bingala”

ONÓRIO ENCARNAÇÃO (Texto e foto)

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 16 de Junho de 2025.

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