Moza aumento de capital

A Assembleia Geral de Accionistas do Banco Moza,  intervencionado em Setembro pelo regulador, aprovou hoje um aumento de capital de 8,17 milhões de meticais (equivalente a 107,7 milhões de euros), anunciou a entidade bancária.

“Foi assim concretizada mais uma importante etapa no âmbito da revitalização do Moza, a que se seguirá o processo de subscrição e realização do aumento do capital agora aprovado”, segundo um comunicado do banco enviado ao jornal Correio da manhã em Maputo.

A instituição bancária recorda que a realização desta assembleia-geral inseriu-se no cronograma do processo de revitalização, apontada pelo Banco de Moçambique (BM) no momento da intervenção, e seguiu-se à conclusão da primeira etapa, com a entrega, a 23 de Dezembro do relatório de diagnóstico e revisão independente às demonstrações financeiras.

O Banco de Moçambique injectou, entretanto, cerca de oito mil milhões de meticais (105 milhões de euros) no Banco Moza, para travar um colapso e evitar “um terramoto” no sistema financeiro moçambicano, segundo o governador do órgão supervisor, Rogério Zandamela.

“Se tivesse parado [de capitalizar o Banco Moza], teríamos um terramoto, um ‘tsunami’, [porque o banco] penetra as empresas, as famílias, haveria uma corrida sem precedentes dos depositantes e dos credores”, comentou Rogério Zandamela em meados de Dezembro de 2016.

Segundo Zandamela, os valores injectados na oficialmente quarta maior instituição bancária moçambicana deveriam ser ressarcidos logo que a instituição fosse vendida ou recapitalizada.

“Esta intervenção pontual foi um bem público para dar tranquilidade ao sistema, teria um custo de dimensões incalculáveis. É assustador quando uma instituição dessas cai na falência”, disse, na altura, Rogério Zandamela.

O BM anunciou em Setembro de 2016 a suspensão do Conselho de Administração e a Comissão Executiva do Banco Moza para “proteger os interesses dos depositantes”.

“A situação financeira e prudencial do Banco Moza, SA tem vindo a degradar-se de forma insustentável”, o que tornou necessário “reforçar as medidas extraordinárias de saneamento”, previstas na lei, para “proteger os interesses dos depositantes e outros credores”, salvaguardando “as condições normais de funcionamento do sistema bancário”, argumentou, em devido momento, o BM.

No início de Dezembro, o Banco de Moçambique informou que ia indicar uma comissão de avaliação e marcar uma assembleia-geral, com vista à recapitalização ou venda do Moza, após a apresentação de um relatório da consultora KPMG.

Fundado em 2008, o Moza é detido em 50,9% pela Moçambique Capitais e em 49% pelo português Novo Banco.

Dois meses após a intervenção no Moza, o supervisor bancário liquidou, sem apelo nem agravo, o Nosso Banco, detido pelo Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), e accionou o fundo de garantia de depósitos, que previa um reembolso de apenas 20 mil meticais para os depositantes singulares, excluindo as empresas.

Apesar de ser uma entidade de fraca expressão, a falência do Nosso Banco lançou uma vaga de alarme, levando o banco central a afastar “motivos para pânico” e a assegurar que “o sistema financeiro está sólido”, com uma média de rácios de solvabilidade de 14%, muito acima dos 8% exigidos pelo órgão supervisor.

Ao contrário do Nosso Banco, que mantinha apenas pouco mais de cinco mil depositantes particulares e 900 empresas e uma quota de activos de 1% do sistema bancário, o Moza possui mais de 93 mil clientes particulares e oito mil empresas e uma quota de 7,71%, sendo, oficialmente, considerado o quarto maior banco comercial moçambicano, com 48 agências à escala nacional.

Redacção

 

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