Landesbank: Moçambique
Moçambique não pode esperar clemência ou compreensão por parte dos credores depois de ter falhado o pagamento da prestação de janeiro da dívida pública, considerou hoje um gestor de fundos que apostou na dívida moçambicana, concretamente ligado ao Landesbank Berlim Investments.
“A nossa visão é, claro, negativa, e com o não pagamento do cupão de Janeiro, o país mostrou a sua má vontade e não deve esperar qualquer compreensão ou misericórdia por parte dos detentores dos títulos de dívida pública”, disse um gestor de fundos no Landesbank Berlim Investments, em declarações à agência de informação financeira Bloomberg.
Moçambique entrou hoje oficialmente em incumprimento financeiro, depois de terminar na quinta-feira o período de tolerância para o pagamento de 60 milhões de dólares referentes à prestação de Janeiro da emissão de dívida pública feita em Abril.
O país africano torna-se assim o primeiro país do continente a falhar um pagamento de dívida desde que a Costa do Marfim não foi capaz de honrar os compromissos financeiros, em 2011.
A falha no pagamento foi confirmada por vários analistas e detentores dos títulos de dívida pública à agência de informação financeira Bloomberg, e surge como a consequência natural do anúncio feito pelo próprio Governo moçambicano, dois dias antes do final do prazo, de que não iria pagar os quase USD 60 milhões que eram devidos aos detentores dos cerca de USD 727 milhões em títulos de dívida soberana que Moçambique emitiu em Abril do ano passado.
O Ministério das Finanças de Moçambique confirmou no dia 16 de Janeiro que não iria pagar a prestação desse mês, de 59,7 milhões de dólares relativos aos títulos de dívida soberana com maturidade em 2023, entrando assim em incumprimento financeiro (‘default’).
“O Ministério da Economia e Finanças da República de Moçambique quer informar os detentores dos 726,5 milhões de dólares norte-a,ericanos com maturidade a 2023 emitidos pela República que o pagamento de juros nas notas, no valor de USD 59,7 milhões, que é devido a 18 de Janeiro, não será pago pela República”, lê-se nesse comunicado.
Redação & agências