Rating de Moçambique

A agência de notação financeira Fitch considera que a paralização das negociações da dívida, o abrandamento económico, a pressão sobre as finanças públicas e o momento político difícil são alguns dos aspectos que condicionam o ‘rating’ de Moçambique.
De acordo com o relatório completo sobre o processo de manutenção dos ‘ratings’ actuais do país, enviado hoje aos investidores, a Fitch diz que, além destes aspectos, também o progresso lento nos projectos do gás e a limitada flexibilidade da política monetária condicionam a avaliação da qualidade do crédito soberano do país, que se mantém em ‘default’, ou seja, abaixo do nível de recomendação de investimento, ou ‘lixo’, como é geralmente conhecido.
Entre os aspectos positivos da economia de Moçambique, a Fitch enumera a evolução do crescimento económico dos últimos 15 anos, acima dos pares, os vastos recursos naturais e a taxa de câmbio flexível do metical, mas estas forças são desequilibradas pelas fraquezas.
Entre elas contam-se os fracos indicadores de desenvolvimento humano, a rápida deterioração das finanças públicas, o ritmo de crescimento da dívida pública, “um dos mais elevados” do mundo, o fraco ambiente empresarial e a má gestão das contas públicas.
Na análise aos principais aspectos que influenciam a análise sobre a qualidade do crédito soberano, a Fitch sublinha a pressão sobre as finanças públicas, que resulta do crescimento mais baixo e de menos ajuda externa, com a economia a dever crescer 5% este ano e 6% em 2018.
“O rácio das receitas sobre o PIB está nos 24%, o mais baixo dos últimos 12”, escrevem os analistas, notando que “as tentativas do Governo para conter a despesa em resposta à crise da dívida foram insuficientes para reduzir significativamente o défice, já que as autoridades também foram pressionadas para manter os salários e os subsídios altos mesmo com dificuldades económicas”.
Também por isso o défice orçamental terá ficado nos 6,5% em 2016, havendo indicações de muitos atrasos nos pagamentos no sector público, mas o desequilíbrio nas contas públicas deverá descer para 4,5% do PIB em 2018, calcula a Fitch, argumentando com a austeridade exigida pelo FMI para recomeçar um programa de assistência financeira e com as melhorias na transparência orçamental que são reclamadas pelos outros credores e doadores internacionais.
Redacção

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