Visitas presidenciais

Visitas presidenciais – África é o continente mais pobre do Mundo, segundo padrões das Nações Unidas. A maior parte dos cerca de 1,2 mil milhões de habitantes africanos vive nas zonas rurais sem acesso à energia eléctrica, água potável e a serviços de saúde de qualidade mundial.

Na Europa e em algumas partes da América e da Ásia a interacção entre os chefes de Estado e de Governo com a população é basicamente feita através dos meios de comunicação social – rádio, televisão e jornais–, porque a maior parte dos habitantes tem acesso a estes meios.

Os líderes não fazem presidências abertas para aferirem a implementação dos programas quinquenais governamentais. O exercício do poder vertical e horizontal garante o desempenho técnico e profissional do Governo.

Em Moçambique, as visitas presidenciais às zonas rurais e a instituições públicas são antigas.

A ofensiva política e organizacional foi a mais emblemática no consulado de Samora Moisés Machel, mas o desleixo, espírito de “deixa-andar” e os “volta amanhã” resistiram aos tiros do implacável Marechal, do soft Major-GeneralJoaquim Alberto Chissano e do temido Tenente- General Armando Emílio Guebuza.

Uma organização alemã fez uma pesquisa em Moçambique sobre o impacto das presidências abertas empolgantes de Armando Guebuza nas comunidades. O resultado mostrou que o impacto era negativo.

As províncias gastavam mais tempo e dinheiro a prepararem visitas do governador, do primeiro-secretário provincial do partido Frelimo, da primeira-dama, dos membros da Comissão Política do partido, do secretário-geral do partido Frelimo, do Primeiro-ministro e do Presidente da República.

PR sendo recebido numa das suas visitas à Nampula
PR sendo recebido numa das suas visitas à Nampula

Hoje, cerca de três anos depois da governação de Armando Guebuza, o engenheiro Filipe Jacinto Nyusi aplica o mesmo método que produziu resultados negativos durante 10 anos de presidências abertas de promoção de jatrofa,caleiras,represas e combate ao espírito de “deixa-andar” e “venha amanhã”.

A pobreza resistiu e ganhou novo terreno no país.

Em plena cidade de Maputo, tinha de ser o Chefe deEstado a abrir a caixa de reclamações na Escola Secundária Francisco Manyanga, que não era aberta desde 2014, para verificar as preocupações do povo.

Na Empresa Municipal dos Transportes Públicos da Cidade de Maputo, tinha de ser o engenheiro Presidente da República a descobrir autocarros com baterias expiradas, pneus vazios e sem chave de ignição.

Alguma coisa está muito errada na governação e perpetuao rancor do pobre.

Thangani wa Tiyani

 Este artigo foi publicado em primeira mão na versão em PDF do jornal Correio da manhã, na quarta-feira (17 de Maio de 2017),  na rubrica semanal RANCOR DO POBRE, da responsabilidade de Thangani wa Tiyani

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