Tempo está a fugir

Tempo está  a fugir – Estamos em Março. Restam sete meses para o dia das eleições gerais (presidenciais, legislativas, para as assembleias provinciais e eleição do governador de província) e, até ao momento, ainda não notamos qualquer preocupação em termos de organização estratégica e sob o ponto de vista de lei para que estas eleições  decorram em ambiente diferente. Para as eleições  a contagem de tempo é decrescente e tudo parece que vamos às eleições como sempre fomos.

A oposição (Renamo e MDM) sempre perdeu as eleições na secretaria devido às manobras perigosas do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e da violência e intromissões das forças policiais para favorecer, de maneira fraudulenta, o partido no poder. Essa postura do STAE e das forças policiais é recorrente, desde que o sistema multipartidário foi introduzido em Moçambique. As eleições, no nosso país, deixaram de ser disputadas por actores políticos (partidos políticos e associações de cidadãos) para passarem a ter o STAE e as forças policias (Força de Intervenção Rápida/Unidade de Intervenção Rápida e o SISE) que são,  até agora, os protagonistas dos processos eleitorais distorcendo, desse modo, o sentido da democracia.

A oposição não levantou uma discussão aprofundada, no parlamento, sobre a conduta e o papel que as forças policiais devem ter durante a votação e o escrutínio dos resultados. Ao não levantar estas questões, em sede própria, o que significa que, a 15 de Outubro, vamos ver o mesmo nível de violência  policial, veremos carros de assalto a circularem pelas assembleias de voto a recolherem as urnas a fim de serem enchidas nos comités do partido Frelimo. Assistiremos a polícia a “girar” vigilantes da oposição e a romper as cinturas de segurança montadas pela oposição como forma de garantir a não alteração do sentido do seu voto.

As intimidações da polícia vão continuar ou mesmo aprofundar para que o sistema político que permite roubar e ficar impune se mantenha inalterável e garantidas, aquilo que chamam de “asfixiantes” contra a oposição. Verificamos a mesma máquina eleitoral (STAE, a Comissão Nacional de Eleições e o Conselho Constitucional) que vai dirigir o processo eleitoral com resultados já pré-fabricados. A oposição está muda, quieta e tranquila a assistir o filme, como se as eleições não lhe dissessem respeito. Não ficaremos admirados se o moribundo partido Frelimo atropelar a oposição que não  se lembra de que deve acordar do profundo sono em que se encontra.

Neste momento, a oposição ao invés de estar a perder tempo em acusações fúteis, que o partido Frelimo bate palmas por isso, devia estar a fazer contestações com vista a infligir uma estrondosa derrota ao partido governamental. A Renamo, pela sua história, deveria estar a liderar um amplo movimento da oposição rumo à vitória eleitoral, no dia 15 de Outubro que vem, todavia, não vemos nenhuma acção concreta que vise unificar as forças oposicionistas. Vale a pena repetir que o partido Frelimo se reveste de uma couraça de Estado para não perder eleições. Tem ao seu lado toda a máquina eleitoral – STAE, CNE e o Conselho Constitucional – a PRM e o SISE.

O único caminho que podemos indicar como saída deste bicudo problema é a oposição organizar-se numa única frente eleitoral,  um candidato e lista única desde para as provinciais e legislativas.

Outro caminho não vislumbramos. A Renamo tem uma base muito larga e luta bem. O MDM é extremamente bom no controle do voto. Juntos, a Renamo e MDM, podem vencer o partido Frelimo.

EDWIN HOUNNOU

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 07 de Março de 2019, na rubrica semanal denominada MIRADOURO

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