Pessoas vivas podem trair

Pessoas vivas – Este assunto já foi abordado neste espaço do Rancor do Pobre, chamando atenção para se evitar dar nomes de pessoas vivas a escolas, hospitais, estradas e pontes.

No entanto, os News Makers (fazedores de notícias) fizeram vista grossa ou simplesmente não leram a crónica.

Socorrendo-se de adágio popular que diz água mole em pedra dura tanto bate até que fura – creio que é isto- volto à carga para recordar o risco subjacente.

Em alguns países africanos, incluindo a minha aldeia, que tentaram construir o Socialismo de orientação Marxista-Leninista, era aconselhado evitar dar nomes de pessoas vivas a infra-estruturas sócio-económicas.

Mesmo alguns países capitalistas evitam dar nomes de líderes vivos a infra-estruturas.

É que a qualquer momento um líder melhor filho de povo e visionário pode trair a revolução. Então, depois de tramar o seu povo maravilhoso será necessário mudar o nome de escola, estrada, aldeia, hospital e ponte para evitar a eternização do mal praticado pelo dirigente traidor contra a sociedade.

Dirigentes políticos africanos não têm e nem querem ter noção de custos de alteração de logotipos ou endereços de rua, estrada, ponte, escola, hospital ou algo similar.

Na África do Sul, há cerca de três anos havia protestos quase todos os dias contra nomes de antigos dirigentes do regime racista branco do apartheid nas instituições públicas, incluindo universidades. Estátuas foram destruídas e/ou desfiguradas um pouco por todo o país por jovens do partido dos Combatentes pela Liberdade Económica (EFF, sigla em Inglês) de Julius Malema.

Alguns académicos dizem que a história de um povo é escrita por vencedores, pintando factos com a sua versão.

Em Moçambique, depois da independência, nomes de dirigentes coloniais portugueses atribuídos a várias infra-estruturas sócio-económicas foram substituídos.

Escolas, estradas, unidades sanitárias, pontes passaram a ter nomes de Samora Machel, Joaquim Chissano, Armando Guebuza e muitos outros combatentes.

Há duas semanas foi inaugurada algures uma infra-estrutura social com o nome de Filipe Jacinto Nyusi.

Pessoas vivas podem trair a revolução
Pessoas vivas podem trair a revolução

Eish…eish…meu Deus…lambe-botas querem ser bem-vistos pelo actual chefe do Estado como admiradores.

A história registou que estas figuras foram e são combatentes e dirigentes de Moçambique.

Entretanto, com a sociedade em evolução acelerada o Rancor do Pobre considera ariscado e menos aconselhável atribuir nomes de pessoas vivas a infra-estruturas.

Na África do Sul, Angola, Moçambique e Zimbabwe tribunais de opinião pública julgaram e condenaram, à revelia, as governações de Jacob Gedleyihlekisa

Zuma, José Eduardo dos Santos, Robert Gabriel Mugabe e Armando Emílio Guebuza.

Em Myanmar, antiga Birmânia, a venerada e laureada activista Aung San Suu Kyi está a perder medalhas que ganhou um pouco por todo o Mundo. Ela é acusada de “traição” dos direitos da minoria muçulmana Rohingyas marginalizados, perseguidos e até desterrados do seu país. O que será de escolas, hospitais, pontes e estradas com nomes destes “arguidos” públicos.

Não tenho ninguém na família, amigos ou conhecidos com nome dado por mim, mas também sou herói na minha aldeia. Por favor… please …acudam-nos!

THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 06 de Março de 2019, na rubrica semanal denominada RANCOR DO POBRE

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