Violência política
Violência política, com um denominador comum, continua a marcar a presente campanha eleitoral em diversas regiões de Moçambique
A 59ª edição do Boletim do Processo Político em Moçambique, editado por Joseph Hanlon, cita alguns exemplos desse trágico quadro.
Diz o boletim que Elias Arcanjo Chico, um simpatizante do partido RENAMO, de 36 anos de idade, teve de ser levado para receber tratamento hospitalar depois de ter sido atacado por “15 alegados membros do partido Frelimo”, no sábado, dia 21 de Setembro, no centro de Dondo, província central de Sofala.
Elias Chico contou que foi seguido pelos atacantes quando saia da sede do partido Renamo e, chegado aos seus aposentos, os atacantes partiram para a agressão por volta das 19 horas, causando-lhe ferimentos graves.
A vítima diz que acredita que os seus algozes são membros do partido Frelimo porque todos trajavam camisetas do partido presidido por Filipe Jacinto Nyusi, actual chefe de Estado de Moçambique e líder do partido dos “camaradas”.
Albano Luis, delegado político do partido RENAMO em Dondo, que juntamente com outros militantes da organização socorreu o agredido no contexto desta violência política, confirma a ocorrência e diz que a mesma já foi participada à Polícia da República de Moçambique (PRM), que afirma estar a “investigar”.
Elias Arcanjo Chico já teve alta hospitalar, mas não consegue participar nas actividades partidárias porque tem dificuldades de se locomover.
Esta é o terceiro assalto de motivações políticas conhecido em Dondo desde o início da campanha eleitoral em 31 de Agosto passado.
Os dois primeiros actos deste tipo ocorreram nas regiões de Mafambisse e Mutua, igualmente envolvendo seguidores dos partidos Frelimo (governamental) e RENAMO, o maior partido da oposição.
Já em Maputo, no extremo Sul de Moçambique, Clementina Bomba, delegada da RENAMO, acusa membros do partido Frelimo de “comprar bandeiras” da sua organização no Mercado Santos, na cidade da Matola, “para queimar”.
“Reportamos o caso à polícia e continuamos a aguardar que faça algo”, disse Bomba.
Em Tambara, na província central de Manica, dois membros da RENAMO continuam a ser dados como desaparecidos desde quinta-feira (19Set), não havendo novidades da PRM, que foi notificada da ocorrência, de acordo com o mesmo Boletim.
O casal desaparecido em Tambara, deixando dois menores desamparados, composto por membros assumidos da RENAMO, recusou receber uma comitiva do partido Frelimo que, liderada pelo administrador local, Luís Lourenço, fazia campanha eleitoral na modalidade de “porta-a-porta”.
Vizinhos contaram que por volta das duas da madrugada do dia 20 deste Setembro ouviram um “barulho estranho” na residência do casal desaparecido, mas presumiram tratar-se de uma briga conjugal, só que, por volta das 06h, ao se aproximar da casa, encontraram-na de porta aberta, desarrumada e crianças do casal desesperadas, indo alertar a PRM.
“Cinco dias depois do sumiço do casal não há novidades e a polícia se recusa a fazer qualquer comentário”, estranham os vizinhos, citados pelo Boletim do Processo Político em Moçambique.
Redacção