UE “altamente improváveis”
A missão de observadores eleitorais da União Europeia condena “eleições com resultados altamente improváveis” realizadas em Moçambique em Outubro de 2019.
Segundo a missão de observadores da União Europeia, o pleito no ano passado foi caracterizado por “numerosas irregularidades e más práticas, tanto antes das eleições como durante a votação, contagem de votos e apuramento de resultados”.
Segundo a MOE UE, as irregularidades verificadas nas eleições moçambicanas de Outubro de 2019 incluíram uma clara inflação do recenseamento eleitoral em Gaza e um recenseamento numericamente deficitário noutras províncias, restrições a uma observação independente por parte dos delegados da oposição e de reconhecidos grupos de observadores nacionais independentes.
Estas apreciações constam do relatório apresentado oficialmente esta quarta-feira em Maputo pela Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE UE).
“Os observadores da UE detectaram igualmente o enchimento de urnas, votação múltipla organizada, invalidação intencional de votos da oposição, alteração dos resultados de mesas de votação com a adição fraudulenta de votos, dados improváveis de participação, grandes desvios de resultados entre mesas da mesma assembleia de voto e muitos casos de membros de mesa, funcionários públicos, eleitores e observadores encontrados com boletins de voto fora das mesas de votação”.
“As irregularidades foram observadas em todas as províncias e só foram possíveis através da inacção ou cumplicidade das autoridades eleitorais locais, a Polícia, os funcionários públicos, e excesso de zelo por parte de simpatizantes do partido no governo”, acrescenta o documento.
Mais adiante a avaliação refere que “as irregularidades observadas contribuíram para um resultado eleitoral favorável a Frelimo”.
Os observadores da UE deixam claro que não acreditam nos resultados eleitorais. “Houve uma surpreendente inversão dos resultados nas províncias maioritariamente da oposição como Sofala, Nampula e Zambézia e nos distritos da oposição nas províncias de Manica, Tete e Niassa (como Báruè, Tsangano e Ngaúma, respectivamente)… Tal inesperada, direcionada e significante mudança nas preferências de voto, estritamente limitadas aos distritos da oposição, e contrariando os resultados das eleições autárquicas de 2018, são altamente improváveis tanto devido ao ambiente político polarizado como às preferências de voto profundamente enraizadas”, pode ser no documento em alusão.
Frases como “surpreendente inversão” e “altamente improváveis” são expressões do politicamente correcto usadas no relatório da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE UE) para não ferir sensibilidades.
Numa das passagens do documento em alusão a missão exibe gráficos comparando os resultados distritais “da Frelimo” nas seis eleições gerais, mostrando distritos como Chibabava. Sofala e Molumbo, Zambézia estavam abaixo de 35% para o partido Frelimo nas cinco eleições anteriores, mas acima de 75% em 2019.
Notável é a maneira como os votos da Frelimo nos distritos da oposição duplicaram ou mais, para garantir que a Frelimo tenha entre 60% e 80% em todos os distritos – distribuição mais plana com menos variação.
Além do mais, a UE estima que o Secretariado Técnico da Administração Estatal (STAE) registou 453 170 eleitores que não existem em Gaza e “usando a mesma lógica em toda a província de Gaza, o efeito eleitoral do recenseamento inflacionado totalizou um aumento injustificado de 280 137 votos para a Frelimo.
Os observadores da “O Eleições Gerais 2019 – Boletim Sobre o Processo Político em Moçambique 97 – 12 de Fevereiro de 2020 2 UE em Chokwé relataram um estranho padrão no dia eleitoral: as primeiras duas ou três mesas da assembleia de voto tinham longas filas de eleitores, mas as restantes mesas estavam vazias”.
(Correio da manhã de Moçambique)