Máscaras e preservativos

Máscaras – Com a descoberta oficial do HIV/SIDA, no início da década de 80 do século passado, de seguida surgiu e se cultivou o uso do preservativo masculino, apontado como sendo a “arma” adequada para lidar com o que se apelidou de “doença do século”.

Assistiu-se, então, à “loucura” do uso do preservativo e até se inventaram diversos tipos deles, até com os mais variados “sabores”, “formatos” e, como é óbvio, tamanhos também.

Progressivamente, chegou-se a uma fase em que, tal como o telemóvel, o tipo de preservativo “identifica(va)” o nível social do respectivo utilizador.

Estamos a assistir o mesmo em relação às máscaras de prevenção à covid-19.

Mas, tal como o preservativo, as máscaras anti-covid-19 já estão a produzir histórias e estórias.

Se, quanto aos preservativos era preciso ouvir as histórias/estórias quanto ao seu uso relacionadas, sobre as máscaras todos assistimos.

Uma das histórias que me impressionou sobe o preservativo foi daquele camponês que perante uma sessão de educação cívica sobre a prevenção do HIV/SIDA vangloriou-se perante todos, afirmando que jamais apanharia HIV/SIDA porque usava sempre o preservativo e que apenas o removia para urinar, tomar banho e manter relações sexuais.

Hoje por hoje, as máscaras são tidas como “armas” fundamentais no combate ao coronavírus e por isso há cada vez mais aderentes ao seu uso em todo o mundo, incluindo Moçambique.

Efectivamente, mal se soube do surgimento, na China, de um novo coronavírus, em Dezembro de 2019, as imagens que chegavam daquele país mostravam-nos multidões de rostos cobertos com máscaras, opção que imediatamente dividiu opiniões em todo o mundo, mesmo entre especialistas de saúde. Uns a defender a generalização do uso, como essencial para dificultar a propagação do vírus pelas gotículas de saliva, outros, a desaconselhá-la, argumentando que micróbios do cuspe em vez de se libertarem, com elas possam reentrar no organismo de quem as expele.

Moçambique entrou na onda das máscaras, até com cariz obrigatório em ambientes públicos (ninguém quis saber das capacidades da sua aquisição), e já se assistem palhaçadas de diversa índole.

Se tal como os telemóveis e os preservativos, as máscaras também já nos “dizem” qual é o status do utilizador, mas em termos do (mau) uso, não parece haver categorias sociais.

É normal ver até “excelências” com máscaras de marca, mas sendo maltratadas, tipo removê-la para falar, simplesmente usando-a como objecto de decoração, caída sobre o peito, a modos de gravata de nó folgado, ou na testa, como óculos de sol, quando se entra em local onde ele não penetra.

Enfim, atitudes próprias de quem faz a coisa sem saber lá muito bem como e/ou porquê, talvez apenas para chinês ver!

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 23 de Abril de 2020, na rubrica semanal TIKU 15!

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