Manica: perdas agrícolas
A crise político-militar na província de Manica, centro de Moçambique, está a causar perdas agrícolas, por restrições de acessos e escoamento das colheitas em zonas de confrontos, agravando o endividamento dos produtores.
Durante uma reunião com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que realizou sábado, segundo dia de uma visita à província de Manica, os agricultores queixaram-se da dificuldade de acesso às áreas agrícolas e da ausência de escoamento da produção, devido aos movimentos militares, levando à falta de pagamentos de compromissos bancários.
“Enquanto a tensão (político-militar) persistir, estamos a pedir a intervenção do Governo para que os bancos amortizem os juros, porque não é de agrado acumularmos dívidas”, disse Samuel Guizado, um produtor de Chiuala (distrito de Báruè), a zona mais atingida pela crise militar em Manica.
Além de bancos agrários, reactivação de cooperativas agrárias, colocação atempada de sementes e a reabilitação de vias de acesso para escoamento da produção, os agricultores pediram também paz, considerando que é condição fundamental para o desenvolvimento do sector.
Antes da reunião com os agricultores, Filipe Nyusi também recebeu elogios pelos “esforços” para a restauração da paz, durante um comício popular em Vanduzi, de onde partem as colunas de viaturas, de escolta militar obrigatória, num troço da estrada EN7.
A estrada EN7, ligando as províncias de Manica e Tete, tem sido alvo de emboscadas frequentes, que as autoridades atribuem a homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Filipe Nyusi afirmou na ocasião que o seu governo “quer resolver os problemas do povo”, com esforços de restauração da paz, e encorajou a população em geral, e os agricultores em particular, a trabalhar, “porque estão no bom caminho”.
Dados apresentados pelos agricultores indicam que a produção baixou 7,7%, ao atingir, na primeira época, cerca de 2,6 milhões de toneladas.
A região centro de Moçambique tem sido a mais atingida por episódios de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança (FDS), existindo denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.