Angola saúda a paz

Angola saúda a paz em Moçambique, por via de um Editorial no “Jornal de Angola”, o principal diário impresso do “país irmão do Atlântico” que geralmente reflecte os pontos de vista do Governo de Luanda.

Leia, na íntegra, o referido Editorial inserido na edição deste sábado, dia 03 de Agosto de 2019:

Depois da assinatura, na quinta-feira, entre o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, do documento que “prevê o fim formal dos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição”, para marcar uma era de paz semelhante a que teve início em 1992, com os Acordos de Roma, o Estado, o Executivo e o povo angolanos saúdam a República irmã de Moçambique, em particular a sua classe política, pelo feito alcançado que, como se espera, vai servir para reforçar o processo de desarmamento, desmobilização e reintegração dos membros do braço armado da Renamo.

Acreditamos que, com este passo, os “irmãos do Índico”, que souberam ultrapassar essa etapa por via do entendimento mútuo que resultou do processo negocial, sem mediação externa, deram um exemplo para Áfirca e para o mundo de capacidade e maturidade política para superar diferenças e divergências.

Como disse o Presidente Nyusi, numa espécie de retrospectiva das etapas vencidas para chegar ao presente entendimento, “podemos, hoje, afirmar que fizemos a travessia de um mar de adversidades, superámos essas dificuldades, porque estávamos claros do nosso caminho e estávamos certos do nosso destino”.

Agora, esperamos que as populações moçambicanas que tinham sido “forçadas” a refugiarem-se nos países vizinhos tenham a oportunidade de regressar ao país natal e que o processo de reencontro, reconciliação e recomeço da vida a todos os níveis, sobretudo nas áreas mais afectadas pela instabilidade militar, seja uma realidade efectiva.

Para frente ficam outros desafios para os quais os moçambicanos precisam de caminhar juntos, unidos e, assim, fazerem jus ao ditado segundo o qual “a união faz a força”.

Na verdade, é preciso que todos os moçambicanos unidos façam agora frente a desafios que tenham a ver com os actos violentos cíclicos que afectam a ordem, segurança e tranquilidade das populações na província de Cabo Delgado, onde grupos ainda por identificar semeiam o terror.

Em Angola, esperamos e fazemos votos de que o actual percurso de Moçambique, fruto do entendimento entre o Governo e a Renamo, permita aos moçambicanos dar outros passos que permitam um melhor ciclo de convivência, integração e cooperação a nível da SADC.

A paz em Moçambique é, no fundo, o prolongamento da pacificação e estabilidade noutros países da SADC cujas economias ganham, evidentemente, com o estado oposto à instabilidade e ao conflito armado naquele país.

Por isso, vale enaltecer a coragem política do Presidente Filipe Nyusi e do líder da Renamo, Ossufo Momade, que souberam colocar os interesses de Moçambique acima dos das respectivas formações políticas. Esperamos que os nossos “irmãos do Índico” façam bom proveito do actual momento que marca não apenas o fim das hostilidades, mas igual e fundamentalmente o início de uma era de paz em Moçambique, de Rovumo a Maputo.

 

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