Até os estagiários cobram
A corrupção no nosso país deixou de ser um mal. Agora é um bem. Uma forma de melhoria de vida. Caminho fácil para sair do aperto de tudo.
A corrupção deixou de ser um acto de desonestidade, passando a ser uma estratégia de realização de sonhos. “Quem não paga aqui não será atendido”, assim diziam os que têm poder sobre o povo.
Alguém certa vez disse: “para descobrir se o peixe está ou não podre, há que ver primeiro a cabeça”. Será que a corrupção é incentivada pelo topo da pirâmide? Se um estagiário cobra, como então os profissionais se comportam? Creio que eles não cobram, mas fazem disso o seu salário ou subsídio de risco. Trabalham em altas temperaturas e precisam de se refrescar. Têm razão!
Um país que usa a lei do menor esforço como modelo de prestação de serviços aos cidadãos condena-se à imbecilidade. Somos, sim, imbecis, ao admitirmos nos sabotarmos. A corrupção é uma auto-sabotagem, mais do que isso, é uma delinquência exacerbada. Todo o corrupto é um doente mental.
Com quem aprenderam os estagiários a cobrar? Com quem um filho aprende a insultar? Respeitar? Há um aforismo popular segundo o qual “se uma criança defeca feijão é sinal de que na sua casa na refeição anterior foi feijão”. Aqui não precisamos de outra explicação, está tudo dito. Tudo claro. Tudo clean.
Um estagiário que cobra é e será um péssimo profissional. Um péssimo profissional cria uma sociedade doente e uma sociedade doente é um país em coma. Um país em coma só produz criminosos e mais nada! Temos muitos criminosos servindo o Estado, uns têm gravatas e outros só casacos e sapatos sociais… alguns ainda estão em formação para integrarem o grupo extremista dos corruptos.
Não adianta negar. Todos somos gatunos e sobrevivemos de coisas roubadas. Todos nós! Seja o topo assim como a base da pirâmide. Aqui todos chupamos e chutamos a lata. E como sair disso? Apenas mudança de mentalidade.
O estagiário que cobra, o Professional que cobra, a sociedade é cúmplice e não vítima desses predadores e subversores da verdade. As instituições são feitas para servir o povo e não centros comerciais. Elas são os pés do Estado e não estômago dos funcionários nem intestino grosso dos estagiários.
Ao permitirmos que isso aconteça, permitimos o subdesenvolvimento no nosso país e a produção de criminosos em vários ministérios. Eles não prestarão mais serviços ao povo, mas se atentarão ao tamanho da sua barriga e à velocidade da sua fome. Quer ser livre? Diga não à corrupção e sim ao desenvolvimento.
JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
Este artigo foi publicado intitulado “Solidariedade social” foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 22 de Janeiro de 2024, na rubrica OPINIÃO.
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